Açores: nem na Lua nem na Terra

30 Junho | 2016 | Goodyear

Está a pensar em visitar os Açores? A Ilha do Corvo é o derradeiro recanto virgem de Portugal

As luzes atenuam-se devagar. O ecrã acorda, como um olho de ciclope. A câmara aproxima-nos de uma forma escura, agreste, que medre em frente a nós quase ominosa. Um travelling faz-nos voar acima de uma vila de casuchas brancas, encostadas à beira de uma praia estreita e comprida. Estamos a ver a ilha do Corvo, um dos locais mais isolados da Europa. Lá, no meio do Atlântico, um pedaço pequeno dos Açores e de Portugal. “É na Terra, não é na Lua”, diz o acertado título do documentário de Gonçalo Tocha. Mas, por distância do conhecimento público, poderia ser perfeitamente o nosso satélite…

O filme acomete a tarefa de trazer aos olhos do público esta alfaia esquecida no oceano, um breve -talvez a palavra mais adequada- ilhote de 6 km de comprimento e 4 de largura, 17 km quadrados no total, onde moram 400 pessoas (1000 no ponto de maior população na história da zona, em finais do século XIX). O resultado da atividade vulcânica que formou o arquipélago evidencia-se num dos seus maiores atrativos turísticos: o Caldeirão. Com aproximadamente 3,5 km de diâmetro, a cratera ocupa quase a totalidade do norte do Corvo. No seu interior, a 300 metros de profundidade, encontramos uma lagoa orvalhada de pequenas ilhas. Neste miradouro natural e nas suas águas há quem diga descobrir a forma de todo o arquipélago dos Açores. Tenha em conta, se visitar este local, que alberga uma biodiversidade especialmente viva que tem de ser conservada e defendida: é por isso que a UNESCO considera este recanto do Atlântico Reserva Mundial da Biosfera.

Vista Ilha do Corvo

O Caldeirão pode ser observado de vários pontos distintos nas altas falésias que o envolvem. O Miradouro do Monte Gordo é um dos melhores pontos para conhecer a ilha praticamente com uma só vista de olhos, mas não é o único. No Miradouro do Pão de Açúcar, no morro homónimo, podemos contemplar não apenas a ilha e a sua povoação única e principal, mas também enxergamos a próxima Ilha das Flores, companheira desta do Corvo, numa panorâmica sobre o oceano de excepcional beleza. Se quisermos conhecer a ilha do seu ponto mais alto, 718 metros acima do mar, temos de ir até ao Morro dos Homens, no rebordo sul.

Na ilha apenas encontraremos uma povoação onde moram aproximadamente 400 pessoas, a Vila Nova do Corvo, construida em cima de uma fajã lávica que rompe os montes que envolvem o caldeirão e vai “mergulhar os pés” à beira do Atlântico. Vila de beleza pitoresca, as suas casas de pedra negra e ruas estreitas permaneceram praticamente inalteradas ao longo dos séculos, servindo hoje como “fotografia viva” de tempo antigo. Um local de pessoas amáveis e acolhedoras, que recebem com prazer os visitantes e que convidam a voltar a este recanto quase esquecido do nosso país. Ponha atenção nas fechaduras das portas, feitas em madeira uma prova da confiança entre vizinhos numa comunidade onde todos se conhecem desde sempre. Não perca, na vila, a Igreja de Nossa Senhora dos Milagres e, nas proximidades, os moinhos de vento, ex-líbris da ilha. Três pequenas edificações de pedra caiada, branca, com o seu lindo acesso de escadas divergentes, perfeitamente conservados e herdeiros da economia agrícola da ilha.

Por último, uma visita à Ilha do Corvo não pode rematar sem um passeio de barco pelas proximidades da ilha, uma experiência que permite conhecer paisagens de grande beleza e locais aos quais habitualmente é difícil aceder. Para os apaixonados pela observação de aves, trata-se de uma oportunidade única para entrar em contacto com um leque enorme de aves marinhas de todo o tipo, mas também outras criaturas que os meninos irão adorar: golfinhos e até baleias.

Good Year Kilometros que cuentan