Viagem pelo passado nas Lojas de Lisboa

11 Agosto | 2017 | Goodyear

Escolha o seu destino, rume ao centro de Lisboa e deixe-se levar pelas brumas do tempo. Destacamos 6 lojas de Lisboa que tem mesmo que conhecer.

Na zona da Baixa, com desvios que vão até à Praça de Londres ou a Belém, muitas antigas lojas de Lisboa ainda estão de porta aberta. São testemunhas de um passado não tão recente quanto isso, tertúlias, revoluções e da voracidade do tempo. Com o crescimento do turismo no centro da cidade, estes estabelecimentos estão agora a ser alvo de nova atenção. Alguns são modernizados e trazidos para o século XXI, enquanto outros foram recuperados de forma a manter o traço original. São casas cheias de histórias e de História, plenas de charme retro e de um espírito que importa manter. Em algumas destas ainda se conhece o nome dos clientes, de onde vêm e o que fazem. Outras são tomadas de assalto pelos turistas. Em ambos os casos, mesmo depois dos forasteiros, as antigas lojas de Lisboa mostram sinais de estar para ficar!

O projeto Lojas com História resulta de uma parceria entre a câmara municipal de Lisboa e a Faculdade de Belas Artes. O objetivo é a promoção dos velhos espaços do comércio tradicional e mostrá-los a novos públicos, mantendo estas lojas em funcionamento. Ao abrigo desta ideia já foram rodados diversos documentários sobre as profissões e os sabores da cidade, mas a meta só está cumprida quando é o próprio público a visitar estes espaços. É uma viagem pela diversidade das cores, sons e histórias contadas por quem está atrás do balcão. Escolha o seu destino, rume ao centro de Lisboa e deixe-se levar pelas brumas do tempo. Da nossa parte, destacamos 6 lojas de Lisboa que tem mesmo que conhecer.

Viagem pelo passado nas Lojas de Lisboa

Ginginha do Rossio

A única coisa que lhe perguntam aqui é “com elas ou sem elas?”. “Elas” são as ginjas que podem chegar ao copo ou não, conforme o gosto do freguês ao copo. Serve-se ao balcão como se fosse para despachar, mas os clientes vão ficando por ali, a conversar na rua. E a fauna pode tornar-se realmente diversa! Dos turistas japoneses aos punks com djambé, a ginginha é licor para agradar a um vasto leque de estilos. A receita terá sido criada por um monge que resolveu mergulhar as ginjas em aguardente, açúcar, água e canela. Hoje em dia, é a ginginha que nos oferece um mergulho numa outra forma de viver a cidade.

Café Nicola

Conhecido primeiro como Botequim do Nicola, só em 1929 ganha o nome pelo o qual o conhecemos hoje. Poucos anos mais tarde foi remodelado e ganhou a decoração que o tornou um exemplo excecional da cultura da época. As pinturas de Fernando Santos retratam Bocage e o arquiteto Raul Tojal modernizou o espaço para a estética art déco. Foi local de reunião de tertúlias literárias e políticas, assistindo às discussões sobre a 2ª Grande Guerra e recebendo refugiados. Quando Lisboa se tornou ponto de passagem para espiões, terão sido aqui marcados muitos encontros. Apesar de remodelado para um traço mais moderno, todos estes vestígios estão presentes, transformando-o numa das lojas essenciais da cidade.

Martinho da Arcada

O gosto pela vida de café chegou a Lisboa através de alguns luso-italianos que abriram estabelecimentos durante o seculo XVIII. O Martinho da Arcada foi um destes pioneiros e foi o ponto de passagem para as elites da época. Intelectuais como escritores, jornalistas, pintores e outros artistas cruzavam-se aqui, mas recebeu também os políticos e burgueses que chegariam para ocupar o Terreiro do Paço. Ainda existe uma mesa reservada para Fernando Pessoa e os retratos pendurados evocam toda essa era de ouro. No outono de 1935 terá sido aqui que Almada Negreiros e Pessoa beberam um último café, poucos dias antes da morte de Pessoa.

Confeitaria Nacional

É logo na montra que a confeitaria mais antiga de Lisboa evidencia toda a sua história. Ainda é bem visível o traço típico da decoração do princípio do século XVIII, mesmo que o interior já tenha sido remodelado várias vezes. O modelo recorda o estilo parisiense, tão em voga na altura, e foram instalados aqui alguns dos primeiros telefones a chegar a Lisboa, para ligar a fábrica à pastelaria. Apesar de desligado, o telefone ainda lá está exposto. Toda a produção da casa continua a estar entre a melhor pastelaria da cidade, mas os clássicos Bolo Rei e Bolo Rainha obrigam a filas intermináveis por altura do Natal. São realmente excecionais e foram introduzidos no nosso país por esta casa em 1870. Em 1910 ainda se equacionou mudar o seu nome, sem sucesso como é fácil de ver. É um pedaço de monarquia a que nenhum português diz que não.

Hospital das Bonecas

Na Praça da Figueira, acompanhada por uma fileira de edifícios centenários, alguns deles a necessitar de também de recuperação, este Hospital não podia estar em melhor companhia. As bonecas (e muitos tipos diferentes de brinquedos) são tratadas como pacientes. Têm direito a uma ficha, uma cama e o seu dono é como se fosse um familiar que vem à visita. Fazem-se aqui alguns dos mais surpreendentes restauros e qualquer um consegue apreciar a arte envolvida. Há bonecas por todo o lado, das mais variadas épocas e estilos, tornando uma passagem por este espaço uma espécie de viagem pelo tempo e pelos sonhos.

Pastéis de Belém

Muitos lisboetas já fogem à visita aos Pastéis de Belém, tal é a dimensão das filas que se estendem à sua porta. Contudo, se vier até aqui de manhã, quando os turistas ainda estão ocupados nos Jerónimos ou nos jardins do CCB, vai encontrar um dos ex-libris de Lisboa à sua espera. A fábrica foi inaugurada por monges do Mosteiro por volta de 1830, tendo aberto portas ao público em 1837. Desde então que a receita é guardada com cuidado, mas é todo o conjunto que faz a diferença. Hoje em dia há uma imagem de marca forte, a qualidade manteve-se e continuam a merecer o tempo de espera. Sente-se numa das salas do fundo, peça um café, um par de pastéis, canela e açúcar e não se esqueça de levar uma caixa para casa. Quem disse que os souvenirs precisam de durar para sempre? Ou sequer dez minutos?….

Good Year Kilometros que cuentan