Canções da revolução: antes e depois

23 Abril | 2018 | Goodyear

A dois dias do 25 de Abril, 45 anos depois da revolução dos cravos, recordamos algumas canções que marcaram a época, antes daquela data e depois até aos dias de hoje.

Há 45 anos Portugal mudou. Afinal, para todos os efeitos há o antes e o depois. Recordamos canções da revolução que marcaram a época e que inspiraram uma nova geração de intérpretes. Sérgio Godinho, Deolinda, Valete, Chico Buarque, Sérgio Godinho, Jorge Palma ou Boss AC são apenas alguns dos nomes da lista que compilamos para si.

As músicas foram senhas, sinais a que se juntaram mais tarde os cravos vermelhos. Há 45 anos, Portugal mudou.

Em primeiro lugar ,começamos pelos tons que mais nos reportam à época. José Afonso canta “Grândola, Vila Morena”. É afinal, uma música que todos conhecem, mas que poucos sabem a letra de fio a pavio. O Zeca Afonso é um símbolo da canção de intervenção e protesto.

Da mesma forma, Paulo de Carvalho foi o intérprete de outro dos emblemáticos sinais daquele dia. “E depois do Adeus” e a música acima referida de Zeca Afonso foram usadas como senha radiofónica para os militares que fizeram o golpe do 25 de Abril e ficaram para sempre associadas ao dia da revolução

Três anos antes da revolução, Sérgio Godinho, outro nome associado à época, gravou em França o seu primeiro disco: “Os Sobreviventes”. De fato, em “Maré Alta”, antecipava a chegada da liberdade que chegou a Portugal em 1974.

Em 1974, o festival da canção realizou-se em em pleno PREC e as cantigas reflectiram esse sentimento. Jorge Palma e Fernando Girão abriram o concurso a cantar “O Pecado (do) Capital”. De maneira idêntica, ou quase, outros cantores cantaram a “Batalha-povo” (Paco Bandeira), o “Alerta!” (José Mário Branco) e o vencedor foi um militar de Abril, Duarte Mendes. Recorde aqui “Frágil” de Jorge Palma.

Adriano Correia de Oliveira cantava, em 1963, “Trova do Vento Que Passa”, uma balada composta por António Portugal, com base num poema de Manuel Alegre. Foi, durante anos, uma crítica discreta à ditadura. Foi gravada posteriormente por artistas como o Quarteto 1111 a Amália Rodrigues.

Do outro lado do Oceano, Chico Buarque vivia na sua própria ditadura de Getúlio Vagas. A Revolução dos Cravos inspirou-o para a gravação de duas versões de “Tanto Mar” para celebrar o 25 de Abril e para lamentar a lenta evolução após o mesmo. Partilhamos aqui uma interpretação de António Zambujo.

A revolução continua no séc XXI

Mais actual, os Deolinda marcam presença anualmente em comemorações do 25 de Abril. O nome incontornável da canção de protesto nacional combina letras inteligentes com ironia e humor numa crítica incisiva à vida em sociedade. Por isso, oiça-os ao vivo no Coliseu dos Recreios a interpretar “Que Parva Sou Eu”.

Concluindo que muito mudou, mas muito caminho há ainda para percorrer, Boss AC transpôs para a música o estado de espírito dos jovens e dos menos jovens com a música “Sexta-feira (Emprego bom já)“. O desemprego, a falta de oportunidades e os salários baixos são algumas das feridas que aponta.

Aquele que é, provavelmente, o artista português mais contestatário do momento, Valete cria músicas que são em simultâneo símbolos e reflexos do que pensa em relação à realidade nacional. Para muitos representa a vanguarda da canção de protesto dentro de um estilo, o hip-hop. É, afinal, o “Anti-Herói” do álbum “Serviço Público”.

Good Year Kilometros que cuentan