A integração europeia e a queda do antigo conceito de posto fronteiriço dentro do Velho Continente fez possível para nós, moradores dum país pequeno, experimentar o que eram as viagens para além de Portugal sem os trámites maçadores de outrora. A livre circulação pelos territórios da União Europeia é uma oportunidade de conhecer mundo e, aliás, percorrer quilómetros e quilómetros de estrada ininterrompida, com a emissóra local na rádio e paisagens que mudam para além do vidro, da planície agostada do Alentejo até aos frios mares da Dinamarca, e para além. De facto, uma rota que incluir Portugal, a Espanha, a França, a Holanda, a Bélgica, a Alemanha, a Itália e novamente a França no caminho do fogar é uma experiência que merece ser vivida pelo menos uma vez.

Mas, na hora de viajarmos pela Europa de carro, cumpre lembrar que a homologação da legislação sobre estradas ainda é um assunto pendente no processo integrador e que é multidão a normativa existente ao respeito já não só em cada Estado membro, mas também entre distintas cidades ou regiões dum mesmo país. Sendo difícil indicar todas as situações que pode encontrar no caminho, eis umas pequenas dicas.

Documentação e sistemas de pagamento

Começamos pela parte mais importante duma viagem: tudo quanto é feito antes para o planificar! O mais importante é a documentação pessoal  vigorante (cartão de cidadão para todo o espaço Schengen, que inclui a Suiça e também a Noruega, e para além a carta de condução). Quanto esta, é fulcral certificar-se de que não caducou porque não pode conduzir fora do Portugal com um documento provisório ou uma guia de substituição, apenas com a carta oficial e original. Aliás, desde que estiver emitida por um país da UE, é válida em toda aquela, sendo as categorias AM, A1, A2, A, B, BE, B1, B1E, C1, C1E, C, CE, D1, D1E, D e DE reconhecidas em todo o espaço da União. Ouviu? Da União: se viajar para além das suas fronteiras e do espaço Schengen, há países que requerirão dum Permiso Internacional. Quando tiver comprovado toda a documentação relativa a si, não esqueça comprovar a relativa ao carro: o seguro sempre vigorante e a inspeção veicular superada.

Quanto às portagens, felizmente os portugueses já estamos habituados a um sistema considerado estranho noutros locais da Europa. Contudo, é preciso conhecer o sistema de pagamento em autoestrada noutros países do continente. Existem dois hegemónicos atualmente: a portagem ou um pagamento único com um tempo limitado em vigor que um autocolante no pára-brisas dianteiro indica.

Já na estrada, enquanto devoramos quilómetros desconhecidos e espantosos, cumpre lembrarmos  umas normas básicas comuns aos países da UE, como são a obriga de portar no carro triángulos e coletes reflectores para a sinalização em emergência.  Aliás, há países como a Alemanha, a Áustria ou a Bélgica que obrigam a levar na bagageira um kit de primeiros socorros, disponibilizado em qualquer farmácia. Mais uma precaução, muito estendida nas normas europeas, é a obriga de posuir um extintor na viatura, caso também da Alemanha ou da Bélgica.

Quanto às taxas de alcoolémia, o limite legal na maior parte dos países da União é a mesma que em Portugal, 0,5 gramas por litro. No entanto, a taxa é inferior na Lituânia (0,4), Estônia, Suécia e na Polônia (0.2), e até mesmo de 0.0 na Eslováquia, Hungria, República Checa e Romênia.

Da Alemania para a Itália

E agora imagine quando chegar a uma cidade nova. Estacionar no centro enquanto procuramos o hotel Ou deixar o carro aqui no sopé da Catedral para desfrutar duma esplanada na praça sob um doce sol, espreguiçados com uma cerveja na mão? Não! Deve ter presente que normativas semelhantes à vigorante em Lisboa existem por toda a parte, e há certas cidades nas que são penalizadas as viaturas mais poluentes ou até mesmo proibidas de circular por locais. Nas zonas verdes das grandes cidades da Alemanha é obrigado posuir uma placa identificativa ambiental. Na Itália já foi restringido o acesso aos centros históricos das cidades de carro, visando a preservação patrimonial, e é precisa uma licença especial para entrar nas Zonas de Trânsito Limitado. A Dactylios de Atenas tem uma norma semelhante já desde 1982, e Londres cobra uma taxa a quem quiser conduzir pela Congestion Charge Zone. Como vê, um sistema muito estendido pela Europa.

Por último, mas não menos importante: se viajar até à Grã-Bretanha, Irlanda, Chipre ou Malta, lembre um truque muito simples na hora de enfrentar aquelas estradas: aqui, sempre pela esquerda! Igualmente, se quiser cruzar a rua pelo zebrado, é para a direita que tem de olhar!