Chegou novembro e é altura para um verdadeiro clássico ribatejano. A partir de hoje e durante onze dias, a vila da Golegã recebe mais uma Feira Nacional do Cavalo, evento anual que já vai na na sua 44.ª edição, a 21ª desde que se tornou internacional.

Até 11 de novembro são esperados pelo menos 500 mil visitantes para ver uma festa que remonta ao século XVI, realizada em honra de São Martinho, cujo dia se festeja a 11 de novembro. Foi no século XVIII que começou a tradição dos criadores de cavalos exibirem orgulhosamente  os animais de raça em concursos hípicos e competições. O evento, que foi ganhando importância gradualmente, é o antecedente da actual Feira Nacional do Cavalo, de grande relevância nacional na especialidade equestre.

Ao longo dos 11 dias decorrem concursos e provas de cavalos em várias modalidades, entre outras atividades. Este ano, o grande destaque da Feira Nacional do Cavalo vai para o desfile de cavaleiros, marcado para o dia 7, em que será homenageado o cavaleiro tauromáquico Joaquim Bastinhas, que faleceu em Dezembro do ano passado, aos 62 anos.

Há também lugar para eventos culturais durante a festa. Neste capítulo, o destaque vai para quatro exposições a inaugurar durante a feira: “A Saudade da Emoção Lusitana”, exposição de pintura de Sabine Marciniak, uma mostra de pintura e escultura de Beatrice Bulteau, outra de aguarelas e cerâmica, de Ana Dias e Francisco Dias e uma exposição de fotografia, “Feira da Golegã”, de Marco Fernandes, em exibição na Casa Relvas.

Festejar São Martinho

No último dia da Feira, 11 de novembro, dia de São Martinho, realiza-se o tradicional cortejo e benção dos Romeiros, em que participam centenas de cavaleiros.

E, já que está na Golegã, aproveite para desfrutar tudo o que a vila ribatejana tem para oferecer. Faça um passeio pelo jardim romântico que rodeia o antigo estúdio de Carlos Relvas, um conhecido fotógrafo do século XIX, e visite o Museu Martins Correia, um escultor contemporâneo. Dois naturais da Golegã que de alguma forma contribuíram para o reconhecimento atual da cidade.

A Golegã possui também um rico património histórico e patrimonial. Vale a pena destacar a sua bonita Igreja Matriz, erguida nos séculos XV e XVI e que possui um magnífico portal manuelino, e ainda a Igreja de Nossa Senhora dos Anjos e a Capela de Santo António.

Ver as garças no Paul do Boquilobo

Mesmo ao lado da Golegã fica a Reserva Natural do Paul do Boquilobo, que merece bem uma visita. Situada a cerca de 6 quilómetros da vila, o Paul do Boquilobo é uma planície aluvial de pântanos e zonas húmidas, em que a vida depende do volume dos caudais dos rios Tejo e Almonda, que a circundam.

A paisagem da reserva é marcada por uma imensa teia de canais cobertos por diversas plantas aquáticas e pelos salgueiros que crescem nas suas margens, onde as pequenas garças brancas, que são o símbolo do Parque, fazem os ninhos. É no Paul do Boquilobo que encontramos a maior colónia de garças da Península Ibérica, que acorre a esta área protegida a partir dos meses de fevereiro e março para nidificar, ali permanecendo durante todo o verão. Marcado pelo silêncio e pela tranquilidade, o Paul de Boquilobo, que tem o estatuto de Reserva da Biosfera da UNESCO, é um excelente local para observação das diversas aves migratórias, em número de duas centenas, que por aqui passam nas várias épocas do ano.

O histórico Castelo de Almourol

Continuando Tejo acima, não pode deixar de visitar o Castelo de Almourol, um dos monumentos intimamente ligado à Reconquista Cristã. Situado numa ilhota a meio do Rio Tejo,  é um dos monumentos mais emblemáticos que se podem encontrar em Portugal, pelo seu significado e pela paisagem envolvente. A sua história remonta à Reconquista do território nacional durante a Idade Média. Quando aqui chegaram os cristãos em 1129, o castelo já existia sob o nome de Almorolan, tendo sido então incluído nas terras entregues à guarda dos Templários, sob as ordens de Gualdim Pais. 

A sugestão está dada. Desfrute de uma das maiores e mais importantes feiras de Portugal e não deixe de aproveitar a natureza que rodeia a orgulhosamente ribatejana vila da Golegã.