O carnaval já passou, a Páscoa ainda vem longe. Mas, apesar de ainda estarmos oficialmente no inverno, já começa a cheirar a primavera. Os dias vão ficando mais compridos, o sol começa a aquecer e, se a chuva não estragar os planos, começa a ser boa altura para partir em passeios de fim-de-semana.

Como este clássico português, que nos proporciona uma oferta tripla: história, mar e boa comida, a começar em Mafra e a acabar na Ericeira, num passeio saloio pelo oeste.

História e cultura em Mafra

A cidade de Mafra é mundialmente conhecida pelo seu palácio e convento, mas não só. Até porque seria um pecado não descobrir a beleza da Tapada de Mafra. Mas comecemos pela história e cultura.  Erguido no século XVIII e imortalizado por José Saramago no seu “Memorial do Convento”, o Palácio Nacional de Mafra foi mandado erguer pelo rei D. João V no início do século XVIII. Foi construído em pedra lioz, abundante na região, e impressiona qualquer visitante pela sua dimensão: tem 1 200 divisões, mais de 4 700 portas e janelas, 156 escadarias e 29 pátios e saguões. 

Foi declarado no ano passado como Património Mundial da UNESCO e um dos seus maiores tesouros é a biblioteca, com mais de 30 mil livros, incluindo uma segunda edição de “Os Lusíadas”, de Luís de Camões. De visita obrigatória, para um roteiro completo, são ainda a Sala do Trono, a Sala da Caça, a Sala da Música ou os Aposentos Reais. No Memorial do Convento, Saramago escreve sobre os encontros frios entre o rei e sua esposa, duas vezes por semana, em que este fazia os 200 e muitos metros que, desde o Torreão Sul, o separavam do Torreão Norte e dos aposentos de D. Maria. O facto é histórico e podemos visitar estes quartos.

Da história para a natureza, para a Tapada de Mafra. Criada durante o reinado de D. João V, após a construção do Convento, este monumento nacional possui 819 hectares protegidos por um histórico muro de 21 quilómetros. Lá dentro, um enorme manto verde é a casa para uma quantidade invulgar de espécies selvagens e uma flora exuberante. Entre as árvores e plantas que aqui vemos, o sobreiro, o pinheiro-manso e diferentes variedades de carvalhos, salientam-se e, pelo menos três exemplares já foram classificados como de Interesse Público: um castanheiro-da-índia, uma olaia com aproximadamente 120 anos, e um sobreiro com cerca de 300 anos.

Ver o mar e comer na Ericeira

A pouco mais de 10 minutos de Mafra e da sua história e cultura fica a Ericeira, com a sua praia e os seus concorridos restaurantes. Terra de pescadores, com 3000 anos de história que se contam pelas suas ruas, a praia apresenta regularmente neblina pela manhã, que se desvanece lá para meio do dia. A prática de surf é um dos grandes atractivos deste local, onde ao fim-de-semana as gentes das redondezas e não só rumam em busca da boa oferta gastronómica, onde o peixe e o marisco são, naturalmente, os pratos fortes.

A grande Praia dos Pescadores é o ponto principal de atração da Ericeira e é o local onde podemos encontrar a marisqueira Mar à Vista, onde os percebes e o camarão da costa nos cumprimentam mal nos sentamos à mesa. Na Terra Mar, o destaque vai para as gambas panadas e para a sopa rica do mar, ambos belíssimos motivos para uma visita a esta vila piscatória.

Se quiser subir o seu orçamento gastronómico, recomendamos então a Esplanada das Furnas, onde o marisco domina também a ementa. A oferta vai variando diariamente, ficando a seu cargo a seleção dos ingredientes principais da sua refeição no expositor. O grelhador está por perto. Além disso, a ementa inclui receitas de peixe e marisco confecionadas no tacho.

As sugestões estão apresentadas. No próximo fim-de-semana, pegue em si e na sua família e faça-se à estrada para um passeio retemperador já com cheiro a primavera.