As marcas de automóveis solidarizam-se frente ao coronavírus

22 Abril | 2020 | Goodyear

Um pouco por todo o lado, os fabricantes de automóveis juntam-se ao esforço de combate à pandemia

A situação de pandemia global devido à expansão do novo coronavírus criou um novo cenário político, económico, social e de saúde, ao qual a indústria automóvel não fica alheia. Além das condições do estado de emergência, das medidas de confinamento e redução da mobilidade dos cidadãos e da atividade económica que levaram à interrupção de atividade dos fabricantes de automóveis, surgiram ao mesmo tempo diferentes iniciativas que mostram como as marcas se adaptam ao coronavírus.

Autocarro para testes

Em Portugal, as fábricas de automóveis, da Autoeuropa à PSA Mangualde, passando pela CaetanoBus e Mitsubishi Fuso, interromperam a produção de carros ainda durante o mês de março. O que não impediu que a PSA Mangualde, do grupo Peugeot-Citroën, fizesse a doação de 2000 mil máscaras de proteção ao estado português.

Por sua vez, a Salvador Caetano cedeu um autocarro COBUS para servir de unidade de rastreio móvel em Matosinhos. A dimensão do veículo, usado habitualmente em aeroportos, o facto de ser amplo no seu interior e a facilidade de adaptação motivaram a escolha do modelo COBUS para assegurar esta missão de cariz médico.

Soluções de mobilidade na saúde

Aqui ao lado, em Espanha, as 17 fábricas de automóveis interromperam a produção mas não ficaram paradas. Sob a hashtag #YoCedoMiCoche, a Hyundai Espanha foi a primeira marca a disponibilizar a sua frota para o pessoal hospitalar. Um total de 65 veículos estão ao serviço do Hospital Universitário de La Paz, do Hospital Universitário Gregorio Marañón e do Hospital Universitário Ramón y Cajal. Outras marcas, como a Toyota ou Suzuki, aderiram a esta iniciativa, colaborando com entidades e instituições, cedendo a sua frota de veículos para o transporte de médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde. A Volkswagen faz um trabalho semelhante sob o lema #juntostambienenesteviaje.

Jaguar, Land Rover e Ford anunciaram a sua colaboração com o programa Cruz Vermelha Responde. O primeiro com uma frota de 18 veículos todo-o-terreno para garantir assistência a pessoas vulneráveis em áreas de difícil acesso e o segundo com 14 carros híbridos.

Do fabrico de carros à produção de ventiladores

As reações de solidariedade com o pessoal de saúde e não só, devido à expansão do covid-19, não param de acontecer entre a sucessão de notícias e estudos. Foi assim que nasceu “Renault al Rescate”. Os trabalhadores da fábrica de Valladolid decidiram produzir máscaras para hospitais da província. Em dez dias de produção e trabalho a partir de casa, 125 pessoas com 154 impressoras 3D fabricaram 3.370 máscaras, que, depois de validadas pelas entidades competentes, foram distribuídas em hospitais e lares em Valladolid, Palencia, Málaga e Jerez.

 

A fábrica da Seat em  Martorell também mudou de função. Com engrenagens impressas pela SEAT, eixos de caixa de velocidade e o motor adaptado de um limpa para-brisas, o objetivo era fabricar ventiladores, um dos materiais mais procurados pelos hospitais. O resultado é o OxyGEN, projetado em colaboração com a Protofy.XYZ e montado nas instalações da SEAT. Para arrancar, foi necessário o compromisso de 150 trabalhadores, o uso de mais de 80 componentes mecânicos e eletrónicos e a realização de controlos de qualidade com esterilização por luz ultravioleta. A SEAT começou a fabricar os ventiladores em Martorell a 3 de abril, depois do dispositivo ser autorizado pela Agência Espanhola de Medicamentos. A empresa passou a produzir 100 unidades por dia e a previsão era chegar aos 300. A 10 de abril, a fábrica interrompeu a produção em resultado da diminuição de pacientes nos cuidados intensivos, embora a empresa indique que “retomará a produção de ventiladores de emergência na se recebesse novos pedidos de hospitais”.

No Reino Unido, os engenheiros da University College London (UCL) – juntamente com os médicos do hospital desta faculdade – começaram a trabalhar com os técnicos da equipa Mercedes de Fórmula 1 e projetaram ventiladores não invasivos para tratar pacientes de Covid- 19. O dispositivo de “pressão positiva contínua nas vias respiratórias” (CPAP na sigla em inglês) permite que os pacientes respirem sem serem sedados. Quarenta dos 100 respiradores criados foram aprovados no hospital University College e em três outros centros de Londres.

Os engenheiros das sete equipas sediadas no Reino Unido (Aston Martin Red Bull, BWT Racing Point, Haas, McLaren, Mercedes, Renault e Williams) conseguiram em apenas 10 dias fabricar 10.000 CPAP.  O objetivo é aliviar a situação no país no âmbito do”Projeto Pitlane”, e por isso a Mercedes decidiu publicar os desenhos do seu CPAP para que as fábricas com capacidade para criá-las possam usá-os.

O setor automóvel e os seus trabalhadores respondem assim às necessidades de saúde impostas pela expansão maciça do vírus e pela falta de recursos para aliviar os sintomas da doença.

Good Year Kilometros que cuentan