Com o final das férias e o regresso às aulas os mais pequenos da casa parecem tristes. Trocaram a liberdade dos dias de verão pela volta à rotina e a aprendizagem, que acham aborrecida. As intermináveis sessões de matemáticas, história, geografia… que para eles são apenas páginas de um livro ou de um caderno cheio de palavras que não fazem muito sentido.

Há formas distintas de fazer com que se interessem pelas coisas que aprendem na escola e no liceu. Modos de focar a atenção deles para os aspetos menos tediosos para lhes desvendar todos os mistérios de um determinado tema de forma divertida e perdurável. Já falamos em várias ocasiões de algumas grandes alternativas para a descoberta da ciência em museus por todo o país. Hoje queremos acrescentar mais algumas propostas: locais onde aprender sem deixar de divertir-se, e que despertarão a curiosidade dos nossos meninos e talvez consiga mesmo que se reconciliem com o que têm de aprender. A aventura de aprendizagem e muitos descobrimentos está a começar…

A primeira paragem da nossa rota está no coração de Lisboa e, mais concretamente, do seu Parque Zoológico. O Museu das Crianças funciona aqui desde 2005 como um espaço cheio de diversão que visa promover a capacidade interativa dos miúdos. A aprendizagem é o seu objetivo principal, através de todo o tipo de atividades e experiências de ciência, meio ambiente ou música. Envolto entre árvores frondosas, o museu espera as visitas das famílias durante os fins-de-semana, sendo a semana destinada a visitas escolares.

Na Visita ao meu futuro, os seus filhos poderão começar a pensar na profissão que irão ter quando forem crescidos, ajudando-os a descobrir o seu talento natural através das 8 salas dedicadas às profissões no museu. Entre as interessantes experiências que oferece estão também Uma Viagem ao Corpo Humano, uma aproximação da grande máquina que é o nosso interior, Ciência com balões onde aprenderão os fundamentos científicos dos gases e Fantástica Matemática, uma experiência que ajuda a utilizar o raciocínio para desvendar mistérios nos números.

Os mistérios do espaço profundo? Não faz falta ir muito longe para embarcar numa viagem para o coração dos mistérios siderais. Perto do Mosteiro dos Jerónimos de Belém encontrará o Planetário Calouste Gulbenkian, onde assistir diariamente a uma das projeções de céu noturno que descobrem os segredos de mais de 9.000 estrelas para os visitantes em português, inglês e francês. Para lá disso, oferece experiências e atividades especificamente protejadas para crianças, como o atelier de Orientação com instrumentos náuticos, onde emularão os velhos navegantes e descobridos que orientavam o seu rumo pelos mares graças a quadrantes como o que terão ocasião de construir, bem como utilizando astrolábios, medindo a altura do sol e observando os astros com um telescópio. Ajude-os a compreender os mistérios da Terra na atividade A Terra mexe, onde o modelo de maquetas móveis permite aproximar-se da formação do sistema solar, a distribuição original dos seus planetas e a alternância de dia e noite e estações do ano.

O Museu do Carro Elétrico do Porto é um local perfeito para compreender a expansão dos primeiros meios de transporte modernos no nosso país, isto é, uma paragem obrigatória para quem quiser inculcar nos seus filhos o amor por contar quilómetros. Aberto desde 1992, o museu deve-se à iniciativa de um grupo voluntário apaixonado pela história deste sistema de transporte, que visava preservar uma coleção de carros elétricos de grande valor histórico para a cidade.

Para lá da oportunidade de visitar o espaço museu e desvendar os mistérios destes engenhos, existe a possibilidade de realizar um percurso que não se apagará da sua memória: graças ao carro elétrico 100 (réplica de 1910) e o carro elétrico 104, réplica de um modelo do último quartel do século XIX, poderá reviver a história da cidade com um passeio de carro elétrico pela Linha da Marginal, a mítica Linha 1 inaugurada em 1872. Também pode aventurar-se pela linha 18, rua que em 1895 viu circular o primeiro carro elétrico da cidade.

História de Portugal

O nosso seguinte encontro é com a história mais longínqua. Não é propriamente um museu, mas um espaço patrimonial a céu aberto. A Villa romana do Rabaçal recebe esse nome pela povoação atual uma vez que não existem vestígios do eu nome original. No concelho de Penela (Coimbra), situa-se a aproximadamente 10 quilómetros da velha cidade de Conímbriga, numa meia encosta protegida dos elementos pelas árvores. Equivalente romano das posteriores quintas agrícolas, o Rabaçal é uma clássica residência rural da nobreza romana com alojamento para senhores e servos que persistem em ruínas extraordinariamente bem conservadas. A sua identidade no marco do Portugal romano está nos seus mosaicos de grande valor histórico e nas composições que mostram, de desenhos infrequentes. Uma joia histórica que serve para aproximar os meninos daquele tempo misterioso.

Viajamos agora para os Açores para encerrar a nossa rota com o sabor do salitre e a aventura. O Museu dos Baleeiros em Lajes do Pico lembra esta importante etapa na economia histórica local, situado em três antigas casas de botes baleeiros do século XIX no cais. Como através das páginas de Moby Dick, os meninos podem aproximar-se deste tempo e este ofício misteriosos através dos cinco pontos da exposição permanente: o bote baleeiro açoriano com os instrumentos empregados na atividade; a tenda do ferreiro onde os arpões eram fabricados; o baleeiro em terra que mostra a vida dos baleeiros entre as temporadas de caça; a construção naval que ensina como aqueles botes eram construídos para a aventura, e a arte baleeira, onde poderão admirar todo o tipo de objetos criados através dos trabalhos em marfim e osso de cachalote.

Qualquer destes museus é um espaço para os sonhos das crianças. E você, qual escolhe?