Onde os brinquedos ainda vivem

4 Novembro | 2015 | Goodyear

Há museus que ainda guardam as lembranças dos brinquedos dos nossos pais e avós, mas também há locais em que essa lembrança já não estará mais disponível

Não é só os meninos que gostam dos brinquedos. Basta olhar os sites da Internet onde a nostalgia impera para experimentar que há qualquer coisa que procuramos nos brinquedos como recordação ou reminiscência de uma idade mais inocente. Fixamos o olhar neles e olhamos para o nosso interior, onde ainda brincamos com cavaleiros e dragões, com soldados e bonecas. É um passatempo que podemos partilhar com as crianças ainda hoje.

Em Portugal há muitos museus. A maior parte deles assusta os meninos que receiam de uma aborrecida tarde entre poeirentos salões. É um preconceito injusto, como qualquer preconceito, mas inegável. Se lhes disser “hoje visitaremos o museu de história da cidade”, decerto tentarão propor planos alternativos, fingir uma gripe ou ocultar-se. Para eles é maçador! Porém, há alguns museus no nosso país que oferecem uma visita distinta aos meninos. Locais em que a imaginação pode viajar até aos divertimentos dos miúdos de antanho ou percorrer a história dos brinquedos. Podem ser, vistos com olhos de hoje, inocentes ou simples, mas têm ainda um charme especial que nos enreda a vista.

 

Museu da Marioneta (Lisboa)

Um desses locais imperdíveis é o Museu da Marioneta, na própria Lisboa. Criado em 1987 e sito desde 2011 numa parte do Convento das Bernardas, o museu acolhe o incrível mundo dos títeres. Falamos do único (e também primeiro) espaço museológico do país dedicado por inteiro a este tema. Percorre a história desta arte olhando para todo o mundo, e apresenta os distintos tipos de marionetas que se observam pelo mundo, tendo um especial relevo na portuguesa.

O espólio do museu é composto de peças do Portugal provenientes da Companhia de Marionetas de São Lourenço, mas tem sido progressivamente alargado e também diversificado. Assim, o museu ilustra as distintas formas teatrais inseridas nas tradições mais longínquas no tempo e também as expressões artísticas atuais que procuram novas técnicas e novos modos narrativos revolucionando esta velha arte. Para conseguir tal alargamento contaram com a colaboração insubstituível de personalidades, autores e colecionadores de todo o mundo, como a coleção de marionetas e máscaras do sudeste asiático e da África cedida desde finais de 2008 por Francisco Capelo. É assim que o museu evoluiu desde uma perspetiva exclusivamente focada na arte nacional até a um espelho das marionetas do globo. A Índia, China, Vietname, Europa… mais de 1000 peças no total.

O Museu que hoje conhecemos temos de lho agradecer  às obras de requalificação e ampliação ao abrigo de uma candidatura ao Programa Operacional de Cultura. Um espaço maior e mais adequado permitiu desvendar o museu que hoje conhecemos, herdeiro daquele projeto original de 1987 que bebia da rica tradição do teatro e ópera de marionetas no nosso país.

Mas a maior vantagem do museu é a importância que atribui à interatividade. Existe a possibilidade de imprimir fichas de informações como passo prévio à visita que faça com que aquela seja muito mais divertida, intuitiva a dinâmica. Aliás, e será isto que os miúdos adorem, é possível manipular marionetas durante o percurso pela exposição.

Ainda, há mais motivos para escolher este museu para uma visita em família: visitas temáticas (“Marionetas Portuguesas”, “Marionetas Orientais”, “A minha primeira visita”…), festas de aniversário ou ateliers para grupos. Os espetáculos não podiam ficar fora da programação do museu, e em breve será possível desfrutar da sua  Capucha Vermelha.

Marionetas - Quilometrosquecontam

Museio do Brinquedo de Seia

Viajamos agora até a Seia para conhecer mais um ponto neste Portugal da nostalgia e a infância. O Museu do Brinquedo de Seia (Largo de Santa Rita) possui uma coleção de 8000 brinquedos de todo o país e também do mundo, muito variado quanto à época. Graças à coletânea o local consegue fazer-nos viajar no tempo para o passado e a nossa própria infância, ajudando a compreender como o lazer dos meninos foi mudando para o modelo da sociedade em que hoje vivemos.

O objetivo do museu é, nas suas próprias palavras, “popularizar o conhecimento dos brinquedos entre o grande público” e muito especialmente  entre as jovens gerações”. O brinquedo como um objeto muito valioso no desenvolvimento da criança é outro dos aspetos focados. É um local especialmente destinado para as famílias, com bilhetes familiares que incluem até 4 miúdos para além dos pais.

 

Museu do Brinquedo Português

O seguinte destino do nosso percurso leva-nos a conhecer um monumento à indústria nacional do brinquedo. O Museu do Brinquedo Português, em Ponte de Lima, propõe ao visitante um passeio década a década, desvendando em ordem cronológica a evolução no nosso país de bonecas, canhões de folha, barcos, triciclos…

A aposta narrativa do local é diferente à dos já vistos: assistimos a luta e confronto entre a fabricação nacional e estrangeira -incluindo a fabricação em Portugal com moldes estrangeiros-. À frente de nós desvenda-se a linha longuíssima das alterações sociopolíticas do mundo cujo impacto transforma também a indústria do brinquedo nacional. Afinal, brincamos com o mundo em torno, pois não? Estamos possivelmente perante a proposta mais pedagógica e uma das mais interessantes do percurso. Na Casa do Arnado, no Largo da Alegria, pode encontrar este Museu que vale a pena ser conhecido!

 

O que já não podemos conhecer

Infelizmente, às vezes nas listas há ausências além de presenças. Há locais que já não poderemos visitar. Nesta enumeração há um museu que foi apagado pelo tempo e já não faz parte desta coleção. O Museu do Brinquedo de Sintra, sito na Casa da vereação, era o museu do brinquedo mais importante do país até ao dia do seu encerramento a 31 de agosto de 2014. Os brinquedos em exposição deviam-se à recolha de seis décadas do colecionador João Arbués Moreira, desde os 14 anos de idade. 90.000 peças de coleção que já não mantêm a flamejar os sonhos das nossas crianças.

Good Year Kilometros que cuentan