Peçam a um português para citar de memória algumas marcas clássicos do imaginário nacional e, apostamos, “Água das Pedras” será uma das respostas mais comuns. Quem quer uma água com gás, pede sempre uma Água das Pedras, um hábito que não morre e, muito pelo contrário, consegue manter-se trendy.

O mesmo fenómeno acontece hoje no local onde nasce esta celebrada água mineral: depois do hábito das termas ter caído em desuso, como um ritual do século passado, o Parque Natural das Pedras Salgadas tem sabido manter-se actual e consegue, hoje em dia, atrair turistas de todas as partes do mundo.

Tratar o corpo e o espírito

Entre Vila Real e Chaves, acessível pela A7 ou A24, depois da saída de Vila Pouca de Aguiar, este já foi um local de eleição da realeza nacional e é fácil de entendermos porquê. O verde esfusiante que nos rodeia aqui é  de encher a vista e é a melhor recepção que podíamos ter. A belíssima alameda do parque parece sussurar-nos histórias ao ouvido e deixa-nos logo convencidos que fizemos a melhor opção: procurávamos paz e descanso e foi isso mesmo que encontrámos.

Já no coração do Parque, como se sempre tivessem feito parte do mesmo, encontramos as Eco Houses onde iremos passar os próximos dias. Da responsabilidade do arquiteto Luís Rebelo Andrade, estes eco-apartamentos completamente equipados e de desenho contemporâneo são revestidos a madeira e ardósia, numa harmonia com a natureza a todos os títulos notável. Dois destes apartamentos são suspensos, com uma magnífica vista sobre o parque e para as estrelas.

O Spa Termal, renovado há uns anos pelo multi-galardoado arquiteto Siza Vieira, oferece um vasto leque de massagens, tratamentos termais e de estética, contando ainda com uma agradável piscina interior, com circuitos de água, sauna e banho turco. Não precisa de estar alojado no parque para usufruir destes serviços e pode consultar a tabela de preços aqui.

Os prazeres da carne

Com um menú recheado das mais deliciosas propostas da gastronomia transmontana como a bochecha de porco preto ou, a nossa recomendação, os lombinhos de vitela com salpicão, o restaurante “Casa de Chá” fica a dois minutos a pé. Aqui, na esplanada aberta no verão ou na sala que nos acolhe no inverno rigoroso, a vista sobre os encantos do parque é de “lavar a alma”.

Mas, com as bonitas estradas da região, que nos convidam claramente à condução, ninguém nos censura se quisermos visitar a zona circundante. A apenas 10 km, em Vidago, o “Bataclan” é famoso pelos seus bifes na pedra. Um pouco mais longe, em Chaves, a “Adega Faustino” é um restaurante já centenário que merece ter a sua receita de rojões no panteão das melhores iguarias nacionais. São “assim” de bons.

Apesar do grande desenvolvimento viário das últimas décadas, Trás-os-Montes ainda não é um destino “fácil” para a maior parte do país. Longe e escondido pelas serranias que dão nome à região, merece, contudo, o esforço: é ainda aqui que encontramos Portugal no seu estado mais puro e a natureza na sua forma mais intocada. O Parque de Pedras Salgadas junta a estes factores ainda uma oferta moderna e de bom-gosto, com um ambiente relaxante e rejuvenescedor.

Quando é que podemos voltar?