Pico Festival: arte, terra e mar

22 Janeiro | 2016 | Goodyear

A montanha do Pico é o palco de um festival que junta cultura, arte e ecologia para trazer mais visitantes aos Açores

Mesmo sendo o ponto mais alto do país, o Pico é infelizmente um dos menos conhecidos. Até ao fim do mês recebe o Montanha Pico Festival, evento que procura trazer mais gente à ilha, demonstrando que as questões ambientais, a arte e o desporto são só diferentes faces da nossa cultura comum. Aproveite a desculpa para um fim de semana nos Açores, onde o aguardam 2.300 metros de uma subida para conquistar, múltiplas exposições, filmes e concertos.

O fim de semana “mais alto”

O mais famoso e, porventura melhor conseguido, retrato da vida nesta Ilha nasceu das mãos de Vitorino Nemésio, em “Mau Tempo no Canal”, mas já vão longe os tempos em que este era um território remoto e de difícil acessibilidade para quem vinha do continente. Para além dos vôos para o aeroporto do Pico, a nossa recomendação para quem quer conhecer esta terra com todos os sentidos, é mesmo a clássica viagem de barco entre a Horta (Faial) e a Madalena. Quem sabe não tem a sorte de avistar um golfinho ou uma baleia?

Não precisamos que nos convençam a dois dias de escapadela no Pico: se há locais apaixonantes em Portugal, este é um deles. Conhecida também por “Ilha Preta”, em referência ao tom vulcânico das suas encostas, é uma marca que se ergue bem no meio do Atlântico e recorda-nos que, lá em baixo, no fundo do mar, há forças activas e dinâmicas que modelam este mundo à sua vontade.

Pela Ilha, ao ritmo da cultura

Conheça ou não o Pico, seja um veterano ou um iniciado, os próximos dois fins de semana serão uma opção perfeita para rumar até aqui. Este sábado, dia 23, a Cratera do Piquinho vai assistir a um momento único: a violoncelo, Guilherme Rodrigues vai encher as encostas do Pico de som. O concerto obriga a inscrição prévia para a subida à montanha, mas se já não for a tempo há muitas outras actividades nas quais pode participar. Eis os nossos destaques…

Cartaz - Quilometrosquecontam

Casa da Montanha

Este é um ponto de paragem obrigatória para quem se aventure à conquista do Pico e aqui registam-se e controlam-se todas as subidas. Com uma excelente vista panorâmica e um bar com produtos locais, é o sítio perfeito para momentos de recolhimento, antes ou depois de chegar aos 2.351 metros do topo. A partir daqui, a escultora Helena Amaral apresenta o Roteiro dos Sorrisos de Pedra, que parte à descoberta de 20 locais da ilha escolhidos pela artista. Também aqui, e de visita obrigatória se andar pela Ilha este fim de semana, seremos recebidos no domingo, 24/01, para um chá com Renato Goulart, experiente e famoso guia da montanha do pico, e Paulo da Costa, autor angolano que nos irá ler poemas da obra “(Eco)Lógico”. No próximo fim de semana será a vez de Pedro Cuíça apresentar o seu manual de treking “Passo a Passo”.

Lajes do Pico

Com mais de cinco séculos de existência, Lajes do Pico era a sede da actividade baleeira do arquipélago e um importante bastião do culto do Espírito Santo. Ciente da força desta história, a organização do Montanha Pico Festival escolheu o Museu dos Baleeiros para um importante pólo das exposições. Entre outros, aqui apresentam-se Maralgua Badarch e a sua visão sobre os “Mitos da Montanha”, ao lado das pinturas de Pieter Adriaans com o “Horizonte” como tema central. Na Casa das Exposições Capitão Alves, a montanha faz-se de osso de baleia pela mão de Nuno Gonçalves.

Madalena

Virada para a Horta, a Madalena parece fazer exacto jus ao nome: bonita e acolhedora, é a vila que recebe a maioria dos visitantes e deixa-nos a todos seduzidos pela sua simplicidade. “Capital” agrícola da Ilha, é também conhecida pelo seu excelente vinho, fruto da riqueza do solo vulcânico. No âmbito do festival, a Câmara Municipal tem patente a exposição colectiva de fotografia “O Mundo em Montanhas”. A Gare Marítima exibe “O Glaciar Agonizante”, de Laurence Piget, e o Estádio Municipal recebe cinema e uma acção de tricot em grupo a que qualquer um se pode juntar.

É uma proposta que reconhecemos ser “radical”: o inverno na montanha, no meio do Oceano, mas é exactamente neste clima agreste que os Açores se erguem e onde também existem e florescem manifestações artísticas. Poucos cenários são tão adequados ao deleite…

Conheça o programa do festival aqui.

Good Year Kilometros que cuentan