Todos nós já usamos a palavra ralenti, seja em referência ao mundo do automóvel ou em linguagem coloquial, mas poucos sabem exatamente o seu significado e, menos ainda, que tem a ver com veículos a motor. Ao conduzir, o nosso carro fica muitas vezes “ao ralenti” sem que estejamos cientes, mas a verdade é que o ralenti é muito útil tanto para os condutores como para quem os acompanham.

O que é o ralenti?

O ralenti, no mundo do motor, é o regime mínimo a que o motor do carro pode funcionar sem “se calar” e sem auxílios externos, ou seja, sem pisar no acelerador. O ralenti ocorre quando o motor está a funcionar com o carro parado, as mudanças em ponto morto ou a embraiagem pressionada.

Ao ralenti, o carro não se move mas é suficiente para manter em funcionamento a maioria dos principais sistemas do automóvel, como o circuito de lubrificação, o circuito de refrigeração e o sistema elétrico. Ao mesmo tempo, com a energia gerada durante o ralenti, a bateria pode ser recarregada, se necessário.

Quando o motor do nosso carro ao ralenti, o regime de rotações normalmente varia entre 700 e 1.300 rpm, dependendo do veículo (para autocarros e camiões, pode ser muito menor, cerca de 540 rpm), se o motor estiver frio ou quente ( mais rotações, menos temperatura) e o que temos ligado no carro (rádio, ar condicionado, faróis etc.).

Porque fica o ralenti instável?

O ralenti pode tornar-se instável em certas ocasiões, aumentando e reduzindo as rotações de forma aleatória. O carro pode até acelerar ou desacelerar de maneira irregular e, às vezes, pode até afogar se o acelerador não estiver pressionado.

Causas da instabilidade

Existem várias causas para estas irregularidades no ralenti e é importante saber detectá-las a tempo e ir a uma oficina de confiança para resolvê-las, já que, infelizmente, estes problemas não podem ser resolvidos por nós pessoalmente. Em geral, tudo o que envolve uma variação inesperada do ralenti indica que é preciso fazer qualquer coisa.

Se ao arrancar percebe que o carro engasga, vibra excessivamente ou perde energia, provavelmente tem um problema com a válvula do ralenti. As possíveis causas incluem o acumular de sujidade na válvula; uma mangueira de vácuo solta ou rota; qualquer vela ou cabo da vela e a tampa do distribuidor danificada.

Válvula IAC e ralenti

Os carros mais modernos, com injeção eletrónica, não apresentam estes problemas com o ralenti devido à incorporação da chamada válvula IAC (“Intake Air Control” ou controlo de admissão do ar). O IAC não é um regulador ou um sensor, mas é responsável pela execução de ordens que chegam do computador do motor para manter o ralenti  estável.

Falhas na válvula IAC

A falha mais comum nesta válvula deve-se à falta de manutenção da mesma. Como regra geral, embora dependa de cada carro, a válvula IAC precisa de ser limpa a cada 40.000 quilómetros, já que fica suja com resíduos de óleo e terra no filtro. O processo de limpeza é bastante simples: localize a válvula com a ajuda do manual de instruções do seu carro (geralmente próximo do corpo do acelerador), remova as ligações e use um limpador de carburador para borrifá-la e limpá-la com um pano.

Normalmente, com a limpeza da válvula IAC, o ralenti do motor ficará novamente uniforme, mas há ocasiões em que, se a válvula nunca tiver sido limpa e o veículo tiver muitos quilómetros de uso, o mais comum é que você tenha de a substituir (dependendo do carro e da marca da peça de reposição, o custo pode variar entre 15 e 70 euros).

Também nos forçará a substituir por inteiro a válvula IAC as falhas elétricas desta peça, que podem dever-se ser devido a um curto-circuito nas bobinas do motor, deixando a válvula IAC numa posição isolada, o que pode causar baixas rotações ou aceleração em excesso.

Outro problema provável que pode sofrer é que uma falha no sensor responsável por indicar a posição da borboleta do acelerador TPS (sigla em inglês para “throttle position sensor”) ou sensor de posição da borboleta de aceleração. Se isso acontecer, o computador do seu carro não sabe qual a posição do acelerador e, quando fica confuso, não consegue controlar o ralenti. Ao mesmo tempo, pode gerar outra série de problemas no seu carro, como perda de potência do motor ou de tração.

Em resumo, o ralenti é o regime de RPM que faz o motor trabalhar de forma estável. Além disso, as variações no ralenti ajudam a detectar possíveis falhas no motor do nosso veículo: se apresentar rotações regulares e não muito altas, está tudo bem. Se, pelo contrário, mostra um comportamento errático ou está acima das rotações consideradas habituais … é hora de se preocupar.