Todos os condutores já experimentaram a sensação, nem que fosse uma vez sem exemplo. Vamos na nossa faixa e, sem aviso, alguém nos ultrapassa e coloca-se, à bruta, à nossa frente, obrigando-nos a reduzir a velocidade ou a meter o pé ao travão para evitar males maiores. Ou faz uma ultrapassagem perigosa, ou vira sem fazer sinal, ou vai devagar a empatar o trânsito enquanto fala ao telefone. Naquele momento, sentimos o sangue a subir ao rosto, a raiva toma conta de nós e chamamos aos outros condutores todos os nomes que nos vêm à cabeça.

A isto se chama raiva na estrada, tradução à letra para a expressão em inglês “road rage”, o comportamento agressivo ao volante, seja por palavras ou atos, e que na sua versão mais benévola fica limitado, na maior parte das vezes, a uma fúria momentânea que se traduz em gritar com os outros condutores e que, levada ao extremo, pode dar em agressões físicas.

Vários estudos estimam que mais da metade de todos os motoristas tenham já experimentado um episódio de raiva na estrada em algum momento, embora nem todos cheguem ao ponto de bater no para-choque traseiro do outro condutor ou de puxar de uma arma. Ainda assim, dezenas de milhares de acidentes acontecem todos os anos em todo o mundo por causa da condução agressiva.

O psicólogo norte-americano John Larson dividiu o comportamento dos condutores face a um incidente na estrada em quatro graus, conforme a gravidade da situação:

1.º Grau – Simples gesto, ameaça ou agressão oral com intenção punitiva;

2.º Grau – Juízos de valor sobre a pessoa, repetidos palavrões, incapacidade de reflexão;

3.º Grau – Constantes sinais de luzes, razias ao carro, encostar à berma, paragem súbita em frente ao carro – Loucura das Auto-Estradas

4.º Grau – Agressão intencional ao condutor e ao carro – Road Rage

Evitar a “road rage”

Por muito difícil que por vezes pareça, a verdade é que a raiva na estrada pode ser evitada ou, pelo menos, atenuada, caso sejamos nós os causadores quando, por exemplo, efectuamos uma manobra perigosa que leve a um comportamento mais agressivo.

Em caso de conflito, o melhor é não reagir. Os especialistas aconselham mesmo  a afastarmo-nos do problema sem confrontar o outro condutor e sem adotarmos uma postura agressiva que possa aumentar ainda mais a “road rage” do outro condutor,  mesmo que a razão esteja do nosso lado.

E se o outro condutor estiver a ser agressivo, devemos evitar o contacto visual e as reações bruscas que possam encorajar o comportamento agressivo do outro lado. 

Eis alguns conselhos para evitar a raiva ao volante e manter a calma:

• Descanse bastante – a falta de sono leva à perda do controlo.
• Limite o consumo de álcool – Já sabe que não pode conduzir sob o efeito de álcool….
• Saia mais cedo para chegar atempadamente aos seus destinos – assim evitará irritar-se com qualquer contratempo que apanhe pelo caminho.
• Ponha a tocar música suave – isto pode realmente ajudar a acalmar os nervos.
• Coloque fotos dos seus entes queridos no tablier – lembre-se que tem sempre alguém para quem voltar para casa..
• Lembre-se de que o comportamento agressivo pode custar mais do que uma maneira – pode ter um preço alto, mesmo que ninguém seja ferido ou morto – multas, advogados, custas judiciais, danos a veículos, taxas de seguro.

O melhor é mesmo manter a calma, evitar a condução agressiva e não ter o comportamento dos outros demasiado em conta. Lembre-se que a condução segura pode salvar a sua vida e dos seus.