Rock português dos anos 80: vamos ao baú da infância?

1 Março | 2018 | Goodyear

Tornaram-se parte do cancioneiro popular português e ainda hoje todos os conhecem. Vá de fim de semana ao som dos clássicos do rock português dos anos 80.

Se cresceu com bombocas, bonecos do Naranjito e ainda se lembra do dia em que entrámos para a CEE, esta playlist é para si. O rock português dos anos 80 deixou uma forte marca e extravasou gerações. Paramos num semáforo e olhamos para o lado para ver alguém a cantar Xutos & Pontapés aos gritos. São canções que mais de 30 anos depois fixaram-se como parte da memória comum, indispensavéis em momentos de celebração. Todos conhecem estes refrões, criaram-se memes à volta deles, e são receita perfeita para uma viagem de fim de semana.

A escolha é arbitrária, mas o fenómeno do “Rock Português” podia celebrar a data de nascimento com Chico Fininho. Estávamos em 1980 e não faltavam bandas rock pelos bairros portugueses, mas faltava o primeiro sucesso comercial. Rui Veloso, apenas 23 anos na altura, conseguiu ultrapassar barreiras e, entre os 7 e os 77, não havia quem não o reconhecesse.

Os GNR já tinham tido sucessos anteriores mas Dunas acabaria por tornar-se um caso à parte. Pop fresco, de verão, foi a primeira música que uma geração aprendeu a tocar à viola e repetia em todos os acampamentos de escuteiros. Tornou-se parte de um cancioneiro popular português, revisto à luz do século XX.

Com Anabela Duarte a abordar a voz de uma maneira única e canções altamente criativas e arty, os Mler Ife Dada praticavam uma pop, à falta de melhor expressão, intelectual. A melhor, mas injusta comparação, seriam os Talking Heads da altura. Com tudo isso, o resultado eram canções altamente orelhudas e viciantes. Zuvi Zeva Novi! Zuvi Zava…

Do mainstream à vanguarda

Soava ao que se fazia lá fora, dos Police aos Men At Work, mas tinha toque nacional q.b. Latin’América, dos Jáfu’Mega foi um dos temas que a banda tocou no seu alinhamento de Vilar de Mouros 82. No “Woodstock Português” partilharam palco com U2, Echo & The Bunnymen ou Sun Ra Arkestra.

Sonhos Pop não é o exemplo típico do “rock português” dos anos 80, apesar de ter todos os ingredientes. Experimentação e vontade de aventura? Check. Nasceu na década certa? Check (é de 1988). É capaz de incendiar uma festa de trintões? Check. Os Pop Dell’arte continuam em actividade e ainda têm um sonho ou dois…

Mesmo no fim da década, Jorge Palma lançou aquele que seria um dos seus temas mais icónicos. Frágil foi um dos primeiros temas do autor a transcender barreiras e a registar-se na memória colectiva. Muito mais haveria de chegar na carreira de Palma, mas este momento é inultrapassável.

Depois das raízes no norte, Sérgio Godinho tem em Lisboa que Amanhece a sua carta de amor à cidade. Do Tejo às sombras das ruelas do Bairro, é um retrato que não precisa de recorrer à alma fadista para cheirar a alfacinha.

Fenómenos de verão

Estávamos em 1987 mas, tal como agora, sucediam-se fenómenos que não voltaram a repetir-se. Os In Loco é um desses exemplos. A determinada altura parecia que nunca iriam sair da rádio mas, depois destas décadas poucos se recordam do seu nome. Apesar disso, Já Não Há Heróis é um daqueles refrões que todos reconhecem.

Por volta da mesma altura, os Radar Kadafi estavam a ensaiar a sua forma de pop colada a exemplos como Lloyd Cole ou Felt. Funcionava bem e as canções eram definitivamente de bom nível, mas 40º À Sombra fica para a História como um tónico de verão.

Já nos anos 80, o rock português produzia a sua própria ideia de “memes”. Não usávamos Internet mas Chamem A Polícia foi frase que repetimos de forma viral durante anos. Os Trabalhadores Do Comércio nunca se levaram a sério, mas aqui parecia que estavam a falar de todos nós. Era a história do português enganado e mal-disposto com o qual todos se podiam identificar.

Good Year Kilometros que cuentan