Minas de São Domingos: a tradição mineira e a fronteira

20 Fevereiro | 2017 | Goodyear

Venha com a Goodyear descobrir uma rota entre o Alentejo e o Algarve, por estradas que nos levam até Minas de São Domingos, Mértola e Pomarão.

A Mina de São Domingos é um local verdadeiramente intrigante: a região guarda ainda as ruínas das velhas instalações de extração, mas tem um passado muito mais profundo e que parece, tal como as pirites, brotar da terra a cada passo. Encontram-se vestígios que vão até ao neolítico, lendas de mouros e da reconquista cristã, mas, acima de tudo, sente-se bem a presença do Guadiana e de como o rio marca a vida por onde passa. A Goodyear agarrou no carro e foi até ao Parque Natural do Vale do Guadiana visitar São Domingos, Mértola e Pomarão, na linha que separa Alentejo e Algarve.

Na transição entre o Baixo Alentejo e o Algarve, a planície vê-se subitamente interrompida pelo Guadiana e pelas escarpas que foi marcando ao longo do seu vale. Mas não é só o contraste entre entre a essência alentejana e a serra algarvia que marca esta região já que, para Leste, fica a Andaluzia espanhola e o ecos de antigas histórias de contrabandistas. Personagem sempre presente, claro que também havia aqui uma Moura Encantada…

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    Mina de São Domingos

    Já se extraía aqui minério desde a antiguidade, até ao momento em que os mineiros largaram as ferramentas em 1966. É um poço gigante, a céu aberto, que hoje em dia interessa mais aos turistas do que à indústria. A antiga sede da empresa de minagem tornou-se depois um hotel e a Casa do Mineiro é o centro museológico que presta tributo à antiga ocupação. Nota-se ainda bem o contraste entre as casas dedicadas aos mais de 2.000 trabalhadores que aqui viviam e as da administração, grande parte de origem inglesa.

    O que saía daqui tinha que seguir depois para as vias de distribuição e a forma mais rápida era através do Guadiana, sendo que o último ponto da margem em que ainda era possível navegar ficava no Pomarão. Foi então criada uma linha de caminhos de ferro que ia até esta localidade, via há muito tempo abandonada, de onde o minério era depois transportado por barco até Vila Real de Santo António.

    Achada do Gamo

    Podemos chegar a este ponto através da estrada que passa por Montes Altos, seguindo depois por um caminho em terra batida. Encontramos aqui as ruínas da antiga instalação de tratamento de minérios, numa envolvente verdadeiramente assombrosa. O abandono a que foi sujeito o local e a pouca vegetação que aqui sobrevive criam uma paisagem que parece pós-apocalíptica. Intrigante e belo ao mesmo tempo, sendo que o nome não mente e é verdade que andam por aqui gamos e veados.

    Santana de Cambas

    Como em toda a raia, também se ouvem aqui ainda os ecos de velhas histórias de contrabandistas e Santana de Cambas não tem vergonha desse passado, apresentando-o na forma de um Museu do Contrabando. Instalado num antigo posto da guarda fiscal, reporta-se aqui uma história difícil de contar, já que não restam muito mais do que testemunhos orais dessa época. Só pode visitar o espaço entre a 2ª e a 6ª, mas se vier aqui a um fim de semana, deixe-se perder pelos caminhos pedestres em volta da povoação pois são esses as melhores testemunhas daquilo que se passava nesses tempos.

    Métrtola

    Mértola

    A vila moura já nos é bastante familiar mas não perderemos nunca a oportunidade de lhe prestar mais uma visita. Como chegamos pela ponte sobre o Chança, através da N265, a nossa primeira visão será a da mancha branca que se encavalita em cima da margem do rio, com o Castelo de Mértola a servir de vigia. Aproveite para almoçar aqui, talvez no Alengarve ou na Casa Amarela, mas não saia de Mértola sem um passeio pelas ruas e uma visita ao alto da Ermida da Nossa Senhora das Neves, onde encontra uma agradável paisagem sobre a localidade e o Castelo.

    Giões

    A ermida restaurada há cerca de uma década, a igreja matriz e a fonte são alguns dos pontos de interesse desta pequena aldeia, mas são as suas ruas e pequenas casas, com as típicas chaminés algarvias, que mais apaixonam o visitante. Não muito longe, sobre a ribeira do Vascão, ficam as ruínas de uma antiga fortificação berbere, o Castelo das Relíquias, à volta do qual poderá ter aparecido uma das várias versões das lendas de mouras encantadas que se encontram por toda a região. Conta-se que no serro das Relíquias se esconde um incalculável tesouro que seria a recompensa para o homem que conseguisse levantar o seu encantamento. Pode ser que ainda lá esteja…

    Mértola

    Afonso Vicente

    Separados pelo Vale do Lavajo , os dois núcleos do Menir do Lavajo são uma recordação do final do Neolítico. Colocados no topo de uma colina, consegue-se avistar o seu par do outro lado, perfeitamente encaixado na paisagem. Em frente à povoação de Afonso Vicente fica a Anta do Malhão, esta já construída com uma função funerária. Ambas as construções não têm equivalente na região algarvia e servem de sinal como esta região mantinha uma forte relação com a zona que se tornaria depois a Andaluzia e o Baixo Alentejo, para lá da serra.

    Pomarão

    A primeira vez que visitámos Pomarão foi na princípio da década de 90, altura em que parecia que a terra estava parada no tempo. As antigas casas dos trabalhadores do porto mineiro, que servia aqui de apoio para escoar a extração de São Domingos, estavam em grande parte abandonadas e, apesar de passarem alguns barcos de recreio no rio, a sensação geral é que era ainda um pequeno tesouro à espera de ser descoberto pelos turistas. Hoje em dia, muitos dos edifícios construídos em patamares ao longo do cotovelo do Guadiana foram pintados e restaurados, dando origem a um pequeno anfiteatro branco que se deita sobre o rio.

    Um porto de recreio alberga agora cerca de uma dezena de barcos e a Ponte Internacional do Baixo Guadiana, sobre o Rio Chança, faz a ligação a El Granado, na Andaluzia, trazendo muito mais gente de passagem pela localidade. Apesar de distarem não mais do que uma dezena de quilómetros, antes da inauguração desta via, a viagem entre Pomarão e El Granado era feita por um percurso de 140 quilómetros. Subindo ou descendo o Guadiana, passam aqui alguns pequenos barcos de cruzeiro que permitem visitas a Alcoutim, Sanlúcar ou Vila Real de Santo António. A partir do princípio da primavera toda a região atravessada pelo rio enche-se de vida e cria uma paisagem inesquecível, fazendo destes passeios de barco uma obrigação.

    E ainda…

    Se a sua visita a esta região for feita a partir de Beja, o coração do Alentejo guarda muitos motivos de visita, de Ferreira a Aljustrel. Para lá do Parque, Serpa é outro ponto de visita obrigatória e, se prosseguirmos depois para Moura, iremos encontrar a zona do Alqueva e Monsaraz. Quanto aos prazeres do estômago, há tanto para escolher na região que a única dificuldade é escolher!

    Good Year Kilometros que cuentan