Sete Cidades: Descubra a sua beleza e a história lendária

8 Julho | 2015 | Goodyear

O encanto destas lagoas parece dizer-nos que andou por ali uma mão a pintar a paisagem e, perante a beleza, não nos importamos nada de sonhar com o mito

Há locais que só podem ter origens fantásticas. Bem podem dizer que a caldeira das Sete Cidades é o resultado do encontro entre três placas continentais, que muita gente irá continuar a preferir a lenda. O encanto destas lagoas parece dizer-nos que andou por ali uma mão a pintar a paisagem e, perante a beleza, não nos importamos nada de sonhar com o mito.

Não se sabe quando começou, mas é história que o povo micaelense conta desde sempre: havia um grande e rica ilha com um poderoso rei, azedo, cruel e injusto, a quem a rainha não conseguia oferecer um herdeiro. Certa noite, uma aparição prometeu-lhe uma linda menina. Em troca, o rei e sua filha teriam que estar afastados 30 anos, durante os quais a princesa deveria viver protegida num palácio rodeado por sete cidades. Qualquer tentativa do rei se aproximar do palácio seria seguida de uma catástrofe.

 

Cores de sonho

O leitor já percebeu que esta história não acaba bem e que a paciência do rei não durou o suficiente: incapaz de esperar mais, desfere um golpe contra as muralhas do palácio e despoleta a fúria divina que devasta a ilha e deixa apenas nove pedaços espalhados no mar. No local onde antes se erguia a morada da jovem ficaram apenas duas lagoas: uma com a cor do seu vestido verde, e outra com as marcas dos sapatos azuis.

Mas há quem conte outra história, que inclui uma princesa de olhos azuis e um pastor de olhos verdes, apaixonados mas separados pelas evidentes diferenças sociais. Das lágrimas dos dois, nasceriam as duas lagoas que, tão perto mas sempre separadas, recordam o seu amor.

 

Caminho Sete Cidades - Quilometrosquecontam

 

Jardim entre montanhas

Qualquer uma destas histórias tem um final triste mas o resultado é eufórico: duas extensões de água de cores vivas, rodeadas por uma paisagem de cortar a respiração. Na caldeira das Sete Cidades, uma mancha azul faz-se acompanhar por outra, mais pequena de cor verde, mas em toda a volta não faltam motivos de deslumbramento. Na margem nascente da lagoa azul está a tranquila aldeia de Serrado das Freiras, enquanto na poente, com ruas largas e arquitetura viva, fica a freguesia de Sete Cidades, dois locais de paragem obrigatória.

A visita às lagoas é uma tradição antiga a que quem visita São Miguel não pode fugir. D. Carlos e D. Amélia, penúltimos reis de Portugal, em visita aos Açores detiveram-se no cimo da vertente sul desta serrania, batizando o local como “Vista do Rei”. Mas não foram os únicos e surgiram aqui vários jardins que se tornaram ex-libris da zona. O Jardim Pitoresco, da autoria do paisagista António Borges, na margem poente é um dos locais mais bonitos do mundo (e não são os açoreanos que o dizem) quando, na primavera, se enche de azáleas floridas.

Se não conhece ainda este ícone da beleza natural do nosso país, não perca mais tempo e venha até São Miguel. A oferta hoteleira e gastronómica da região é de excelência e não faltam motivos para visitar os Açores, mas venha com tempo e vontade de sentir o cheiro da terra e o ritmo das ilhas: vai sair daqui a com a convicção que as velhas lendas têm um fundo de verdade.

Good Year Kilometros que cuentan