Arrábida, do verde ao azul

26 Agosto | 2015 | Goodyear

A Arrábida guarda ainda desafios como a escalada, mergulho ou a observação de golfinhos, atividades que, decerto, apelam a espíritos mais radicais

Seguindo pela antiga estrada para Setúbal, deparamo-nos com uma paisagem surpreendente. A norte, para lá dos pinhais de Azeitão e Coina, podemos ver o estuário do Tejo e Lisboa que se debruça sobre o rio. A sul, a vegetação que desce pela serrania encontra as praias e a mancha azul do Mar.

Ao longo da costa sul da Península de Setúbal, a partir de Sesimbra, encontramos uma cordilheira de serras entre as quais fica a Arrábida. Evocamos aqui uma escadaria que desce até ao mar, que na fase final acaba em altos abismos ou entra numa zona de transição suave, uma faixa de areia onde morrem as ondas, de forma lânguida e sonolenta.

No sopé…

O verde que cobre estas encostas está aqui desde o Terciário e cresceu até tamanhos invulgares, moldado pelo clima marítimo e pelas épocas de seca. Fomos informados de que a zona faz parte da reserva natural da Serra da Arrábida e sobre o valor científico e ecológico ímpares dela. Já houve aqui ursos, javalis, lobos e veados, disseram-nos, dos quais só resta a memória. Caminhando pelos trilhos quase ocultos quase procuramos espetar o olhar naqueles moradores já idos.

Apesar da proximidade de dois importantes centros urbanos, a serra nunca foi muito apelativa para a presença humana e, assim, descobrimos que continua resguardada e protetora da beleza que aqui encontramos. As praias de Alportuche, Figueirinha e do Portinho da Arrábida serão as mais conhecidas e que mais gente aqui trazem, mas pelo caminho nós conseguimos encontrar outras como Galapos e Galapinhos, ou a discreta Praia dos Coelhos, que justificaram bem o tempo gasto na viagem. Os escolhos envoltos por um azul selvagem alastrados também sobre a fina areia parecem apresar um vento calmo que, domesticado, zune suavemente dando uma melodia ao nosso repouso. O sossego convida a deixar ir as preocupações mundanais enquanto nos espreguiçamos.

…e  no topo

A serra em si assaltamo-la de bicicleta (a pé era a outra opção) e foi um exigente desafio à forma física. Há um largo conjunto de percursos bem marcados, com diversos níveis de dificuldade, e alguns deles aconselhados até para se fazerem à noite. Faça o que fizer, se se aventurar aqui, faça como nós e suba o mais que puder. As vistas que aqui encontramos, sobre toda a região, com o verde e o azul a pintarem aguarelas sobre a paisagem, são imperdíveis. Muitos destes trilhos estão aqui desde sempre, não sabemos já quem os desenhou, mas permitem-nos descobrir esta vegetação única e uma geologia exuberante.

A Arrábida guarda ainda desafios como a escalada, mergulho ou a observação de golfinhos, atividades que, decerto, apelam a espíritos mais radicais. Mas, depois de momentos de pesado esforço físico, não podemos fazer mais do que relaxar, cheirar o ar do mar que se mistura com as fragrâncias das árvores e dos arbustos, e abrir bem os olhos. Aquilo que aqui vemos vai ficar gravado para sempre.

Good Year Kilometros que cuentan