As pegadas do Jurássico em Portugal

11 Outubro | 2017 | Goodyear

O jurássico foi período muito movimentado na Península Ibérica. Leve as crianças a visitar 3 locais onde encontramos pegadas de dinossáurios em Portugal.

Se perguntarmos a uma criança o que ela quer ser quando for grande, as respostas não costumam ser muitas. Jogador de futebol, médico ou astronauta, estão no topo da lista. Mas, se for uma criança com inquietações científicas, se calhar teremos a sorte de ouvir “paleontólogo”. Os gigantescos dinossáurios desapareceram mas Hollywood lembra-nos ciclicamente o poder de atração que ainda têm estes antigos habitantes do planeta. São o mistério perfeito para uma criança. Passámos um fim-de-semana à caça dos seus rastos, uma viagem que apaixonou os miúdos, e deixamos 3 recomendações

Portugal é o sétimo país do mundo com maior número de géneros de dinossáurios encontrados: 25 no total. Só o Reino Unido está à nossa frente se tivermos em conta a relação entre número de espécies e tamanho do território. Um tesouro biológico e pré-histórico de incalculável valor e muito pouco conhecido pelos portugueses. No período Jurássico, Portugal foi uma metrópole tendo em conta o que nos diz o registo fóssil.

“Como é que ficaram as pegadas tantos anos após a passagem do dinossáurio?” perguntarão curiosas as crianças. Está na hora de lhes explicar como, num dia afastado do Jurássico, um dinossauro atravessou este lugar após uma forte chuva. A lama registou a forma exata dos seus pés e uma enchente depositou depois os sedimentos que protegeram as marcas durante milhões de anos. Um dia, sem aviso, a ação das forças tectónicas encarregou-se de por estas peças à vista.

1. Serra d’Aire

Existem lugares em Portugal onde a pegada destes animais não é metafórica, mas real. Na Serra d’ Aire encontramos o Monumento Natural das Pegadas de Dinossáurios, na povoação de Bairro. Os saurópodes estiveram aqui há 175 milhões de anos, deixando na laje calcária o rasto da sua passagem. Os trilhos conservados atingem mais de 140 metros de comprimento. Este tesouro foi ignorado durante anos, num local onde existia uma pedreira a funcionar. Em 1994 foram descobertas as pegadas e em 1997 o monumento foi aberto ao público. Mais de 1000 pegadas de dinossauros repartidas entre 20 trilhos que constituem o mais antigo expoente conhecido do caminhar dos saurópodes.

O Jardim Jurássico mostra uma reconstituição da flora que no período do mesmo nome cobria esta parte do país, incluindo exemplares que hoje em dia podemos chamar de autênticos fósseis vivos. Cicas, araucárias, teixos e cavalinhas transportam-nos até a um passado longínquo e imaginário onde criaturas gigantescas caminhavam em torno de nós.

2. Sesimbra

Perto do mar, as pistas de dinossáurios conservadas na Pedra da Mua parecem, vistas hoje, rastos de animais que iam tomar banho. Claro que na altura esta paisagem era muito diferente, mas não conseguimos evitar o pensamento. Há 145 milhões de anos, no Jurássico Superior, passou aqui uma manada de herbívoros deixando sinais que tinham um modo de vida gregário. Movimentando-se em grupo, conseguimos perceber que haveria uma forma de organização e que não seriam predadores solitários. Como dado curioso sobre esta jazida, existe uma lenda que identificava as pegadas com deixadas pela mula sobre a que, em 1410, foi avistada a Virgem Maria a subir a montanha. Há até mesmo uma ermida erigida no cume onde a história aparece desenhada em azulejos.

3. Lourinhã

Na praia de Peralta descobriram-se sinais muito curiosos deixados por pterossauros, um achado extremamente raro. Apesar de serem animais voadores, deixaram aqui cerca de três centenas de pegadas que são um importante material de estudo. Da sua análise, a ciência identificou que seriam quadrúpedes de grande porte, até há pouco tempo desconhecidos no Jurássico Superior. É o maior trilho do género em Portugal e um dos mais importantes do mundo, tendo cerca de 152 milhões de anos.
Está já a ser construído um parque jurássico que deverá abrir ao público em 2018, com réplicas em tamanho real e a exposição de peças recuperadas nesta zona. Até lá, a melhor solução é visitar o Museu Da Lourinhã onde estão patentes vários achados paleontológicos e se desenvolvem atividades só para as crianças.

Crianças com dinossauros - Quilometrosquecontam

Paleontólogos por um dia

Mas como fazer com que as pegadas dos dinossáurios deixem também a sua marca na memória das crianças? É bem simples: encoraje-as a experimentar a paleontologia por um dia. Um lápis, uma borracha e um caderno são tudo o que é necessário para os transformar em especialistas. Tentem desenhar uma cópia de todas as pegadas que virem para, de volta a casa, classificar o que observaram com ajuda de uma enciclopédia e, se calhar, até mesmo catalogar um rasto até hoje desconhecido da jazida. Imagine o comprimento da passada calculando a distância entre pegadas, imaginando até mesmo a idade do animal que as causou. Deixe que sejam eles, se tiverem vontade, a explicar o que estão a ver, pois os miúdos adoram mostrar o quanto sabem sobre os temas que os apaixonam. Quando um painel explicativo indicar uma espécie desconhecida, tomem nota e aprendam sobre ela ao finalizar a viagem.

E, de volta a casa, não esqueça fazer soar isto no carro…

Good Year Kilometros que cuentan