Estado do setor, modelos mais esperados (como o Tesla Semi), autonomia, potência e o que se espera dos camiões elétricos.
A revolução no mundo dos transportes chegou… e é imparável. A maioria dos fabricantes de veículos já possui modelos 100% elétricos na sua gama, sem falar no gigantesco avanço que a mobilidade elétrica teve em poucos anos em motas, scooters e bicicletas.
Portanto, era apenas uma questão de tempo para que a mudança para emissões zero também atingisse o setor de transporte de mercadorias, que é responsável por mais de 30% das emissões de dióxido de carbono da União Europeia, das quais 72% vêm do transporte rodoviário. E é que os camiões, embora representem apenas 2% dos veículos na União Europeia, são responsáveis por 22% das emissões de CO2 do transporte rodoviário.
A dificuldade de produzir camiões elétricos
A opção por modelos 100% elétricos continua a ser cautelosa, principalmente quando se trata de longas distâncias, onde a maioria dos fabricantes opta por um modelo híbrido e elétrico com autonomia alargada. Porém, para longas distâncias já existem projetos muito ambiciosos em andamento, como as E-Highway: rodovias com catenária que os camiões usam para recarregar as baterias enquanto circulam.
A primeira estrada elétrica foi construída na Suécia em 2016, chegou depois a Los Angeles e a Alemanha abriu a sua própria em 2019. Apesar desses projetos inovadores, os pontos de recarga são um dos calcanhares de Aquiles dos camiões elétricos. Isso poderia ser resolvido acumulando módulos de bateria para obter grandes quilómetros de autonomia, mas isso aumentaria muito o peso do camião e reduziria a capacidade de carga. Por isso, a indústria tem concentrado os seus esforços em camiões que visam principalmente o transporte de mercadorias em áreas urbanas.
Principais modelos de camiões elétricos
Tesla Semi
Apresentado em 2017, a sua produção foi anunciada para 2019 e a empresa californiana acabou por adiar até 2020. Não se sabe quando estará à venda, embora cada unidade já possa ser reservada por US$20.000.
O Tesla Semi é capaz de percorrer até 800 quilómetros com uma única carga e pode acelerar de 0 a 100 km/h em apenas 5 segundos (20 se estiver carregado com as 36 toneladas do seu peso máximo). Possui quatro motores localizados nos eixos traseiros. O controlo deste Tesla Semi é feito com as mais recentes tecnologias e permitirá recarregar 80% da sua bateria em apenas 30 minutos, utilizando megachargers que utilizam energia solar. Pode ser ainda recarregado em qualquer tomada, embora mais lentamente.
Volvo FL electric
A empresa sueca optou pela eletrificação com uma novidade: focar na mobilidade de camiões na cidade. O Volvo FL eletric foi desenhado para ser usado na recolha e entrega de lixo. A sua ausência de ruído torna-o ideal para essa tarefa.
Com 185 quilowatts de potência, terá um alcance de 300 quilómetros. Uma carga rápida pode ser feita em menos de duas horas, embora a carga normal dure até 10 horas. Cidades como Nova York já se interessaram pelo seu design e desempenho e fizeram encomendas à Volvo.
Irizar IE Truck
Esta empresa basca tem muita experiência na fabricação de autocarros elétricos; aliás, já colocou em circulação mais de 150 em Espanha. A proposta da Irizar é um camião de 8 metros com capacidade para transportar até 18 toneladas de carga. Poucos detalhes técnicos foram revelados sobre o Irizar IE Truck, embora saibamos que a cabina terá capacidade para quatro pessoas e será acessada através de um único degrau, melhorando assim a acessibilidade.
MAN TGM 26.360 E
A empresa alemã também optou por um modelo de até 26 toneladas com uso quase exclusivo em áreas urbanas para entrega de transporte ou recolha de lixo. Possui um motor elétrico de 264 KW de potência e uma bateria de 185 KWh, que permite um alcance de 180 quilómetros. A MAN realizou testes em dezembro e janeiro em Madrid em condições reais de tráfego com uma dessas unidades MAN TGM 26.360 E e ficou muito satisfeita com os resultados.
Mercedes Benz eActros
O Mercedes Benz eActros tem bateria de 240kwh, o que garante autonomia de 200 quilómetros. Segundo a marca alemã, a redução de carga é de apenas 700 kg em comparação a um camião a gasolina. Desde 2018, os testes são realizados em condições reais e a previsão é que seja lançado ainda este ano.
Pneus: chave para reduzir as emissões em camiões elétricos
E é que as emissões não são apenas uma questão do motor. Embora os camiões elétricos prometam ser muito mais limpos, um dos elementos-chave para economizar combustível e reduzir as emissões não deve ser esquecido nessa equação: os pneus. É por isso que fabricantes como a Goodyear estão constantemente a desenvolver novas tecnologias para seus pneus de camião, a fim de melhorar a durabilidade e os materiais, de forma a ajudar a reduzir a sua pegada de carbono.
Para um fabricante de pneus de topo, os circuitos de corrida são o laboratório perfeito para o desenvolvimento de pneus de estrada. A Goodyear, como fornecedora oficial de pneus do Campeonato Europeu de Camiões da FIA, vem montando um programa de desenvolvimento de corridas de camiões desde 2004 que alcançou sucessos significativos, como o Goodyear Truck Race.
Este pneu tem um chip que em competição auxilia os funcionários da FIA na monitorização dos pneus, mas essa tecnologia também tem sido aplicada aos pneus de estrada, tornando-os cada vez mais sofisticados e resistentes, oferecendo mais quilometragem, algo especialmente relevante para o desenvolvimento de pneus de camiões elétricos. O que a Goodyear aprende com seus pneus de de corrida, ela implementa também na estrada para criar pneus mais sustentáveis e eficientes, com baixa resistência ao rolamento, de forma a melhorar o consumo de combustível.
Com o horizonte traçado pela UE de reduzir as emissões em 30% até 2030, a indústria deu início a um bom ritmo de transição para transportes mais sustentáveis, o que irá, sem dúvida, melhorar a qualidade do ar que todos respiramos.
