Já preparou o disfarce?

25 Janeiro | 2016 | Goodyear

O Carnaval é uma tradição muito importante no nosso país. Já sabe quais são as festas mais representativas para pôr a máscara?

Toda a Europa celebrava antigamente o Carnaval, que marcava o início dos quarenta dias de jejum até a Quaresma. Era uma celebração de origem religiosa que simbolizava uma época de deslizes antes dos rigores da outra celebração. Uma derradeira oportunidade para o excesso, a festa e a alegria no coração mesmo do inverno: as pessoas mascaravam-se, gozavam com outras sem medo a serem reconhecidas, escolhiam um Rei e uma Rainha e até mesmo vários ministros bêbedos. Uma festa de subversão e crítica da vida quotidiana daqueles camponeses afastados do século XI que são os nossos tatara… sei lá!

Mas com o passar do tempo a velha celebração foi perdendo adeptos e espaços por todo o continente, e hoje é no nosso país que tem maior implantação e sucesso, sendo que é impossível apagá-la do nosso calendário. O Carnaval é em Portugal iniludível, necessário e mesmo divertido!

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    Não admira que fosse daqui que a festa viajou para o Brasil e outros lugares do mundo. A tradição carnavalesca portuguesa é tão rica que faz literalmente impossível visitar todas as festas que vale a pena serem conhecidas num mesmo ano. É por isso que sugerimos as mais sobranceiras e recomendáveis, perfeitas para uma tarde de terça-feira.

    A nossa viagem pode partir do concelho de Macedo de Cavaleiros, distrito de Bragança. A aldeia de  Podence acolhe a celebração dos Caretos, agrupados em bandos que percorrem em correrias as ruas durante o “Entrudo” ao som dos chocalhos. Profundamente enraizados nas tradições mais antigas de Trás-os-Montes, os caretos simbolizam imagens diabólicas, imbuídas de profundo mistério, que desde um tempo imemorial marcam o carnaval da aldeia. A calma silente do inverno desaparece quando atravessam as ruas como se quisessem acordar a alegria para os quatro dias de Carnaval antes das privações dos quarenta dias a seguir.

    Como costuma acontecer com as tradições carnavalescas doutros lugares, é no paganismo que temos de buscar a origem da festa. Estes homens vestidos de trajes coloridos de lã e linho, com máscaras de latas e chocalhos enfiados à cintura, saúdam o Sol que depressa virá despedir o inverno, e bebem se calhar das Saturnais Romanas que honravam as primeiras sementeiras do ano.

    Se continuarmos durante muito tempo viagem para o Sul chegaremos a Ovar, uma das grandes atrações a nível nacional.  Originalmente celebravam uma grande luta com água, tomates, ovos, farinha e outros ingredientes da cozinha quotidiana, até que depois da II Guerra Mundial a disputa cresceu até envolver máscaras e carros alegóricos. Desde 1952 os festejos foram oficializados e a festa foi “domesticada”.  Hoje em dia já é um Carnaval mais “habitual”, que inclui cortejo à imagem e semelhança do do Rio -já em 1980 abriu a primeira escola de samba local-, com uma adesão popular cada vez maior. Durante mais de um quilómetro podemos viver um festival de cor, música e baile sem nada a invejar ao da outra banda do Atlântico.

    Não hesite, em Ovar, em experimentar uma das grandes receitas da pastelaria portuguesa. Com mais de 200 anos, o pão-de-ló é um bolo que se come à colher em tigela de barro. Não é fermentado e supõe uma experiência completamente única: não perca!

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    Continuamos a descer para o sul até Alcobaça. Aqui não tiveram suficiente com os três dias de Carnaval que a tradição dita: precisam de cinco. A maior atividade concentra-se no coração da cidade, frente ao Mosteiro, onde uma tenda junta milhares de pessoas de todas as idades com um mesmo objetivo: viver o Carnaval.

    O programa inicia-se cada ano com um baile especialmente dedicado para a população sénior local, e no dia seguinte é a vez dos mais pequenos: saem à rua vestidos com os seus melhores disfarces para atravessar as ruas no desfile infantil. A animação continua durante todos os dias de festa incluindo veladas com Dj’s até bem entrada a madrugada.

    Para quem procurar uma festa mais “tradicional” está a opção de ir a São Martinho do Porto. Lá, na Benedita, os corsos noturnos enchem a noite de festa. Antes de deixar Alcobaça lembre na quarta-feira de cinzas o enterro do Entrudo, que despede oficialmente as festas seguindo uma tradição de fortes raízes. E, se puder encerrar a festa com um pudim de ovos dos frades do Convento, com certeza jamais irá esquecer este dia.

    A nossa derradeira paragem da rota é perto, em Torres Vedras, num carnaval que se gaba de ser “o mais português de Portugal”. Os torrenses celebram a festa moderna desde 1912, quando a procissão das cinzas é substituída pelo enterro do Entrudo. Nasce assim uma nova festa que inverte a ordem vigorante, tempo de excessos na comida e na luta na rua entre vizinhos com laranjadas inclementes.

    Desde 1923 celebra-se a receção ao rei e à rainha que ainda hoje persiste, com clara vontade de sátira social. No centro da cidade os corsos mostram os seus carros alegóricos, cabeçudos, figurantes disfarçados… tudo para honrar uma celebração que detém completamente o lugar. A música tradicional portuguesa envolve a celebração que inclui até mesmo um circuito de bares que mantém a festa acendida até a noite, quando são eleitos os ganhadores entre as pessoas disfarçadas. Os fogos-de-artifício e o enterro do Entrudo, com a condenação real, acabam uma festa impermeável a modas estrangeiras e profundamente orgulhosa de si própria.

    Good Year Kilometros que cuentan