Para que serve uma chicane num circuíto onde a ideia é andar de prego a fundo? Qual a função de colocar um “obstáculo” à frente dos pilotos?
Nos circuitos de corrida, não são só testados o desempenho e a velocidade dos carros concorrentes, mas também a habilidade e experiência dos pilotos que dominam essas máquinas. Nesse objetivo, as chicanes são um elemento que dita o julgamento e testa as habilidades de condução dos pilotos que as enfrentam.
Você já deve ter ouvido o termo chicane, de origem francesa, em várias ocasiões em transmissões desportivas, embora talvez não saiba muito bem a que se refere. Pois bem, uma chicane é, principalmente, uma série de curvas acentuadas ligadas em um circuito cujo objetivo principal é diminuir a velocidade dos carros que por elas passam.
As chicanes também cumprem uma missão de segurança, pois fazem com que monolugares ou carros de corrida reduzam a velocidade ao enfrentá-las e, com isso, diminuam as consequências em caso de impacto.
Ao mesmo tempo, as chicanes favorecem as manobras de ultrapassagem entre veículos e graças a elas temos visto ultrapassagens espetaculares de carros com menos potência, algo que raramente se observa em reta, onde a velocidade máxima é o que determina quem pode e quem não pode ultrapassar.
Algumas chicanes também têm gerado polêmica devido ao número de acidentes que os pilotos aí sofrem e muitos deles solicitaram a modificação do seu traçado em determinados circuitos, especialmente nos urbanos.
Em termos de regulamentação, por exemplo, na Fórmula 1, o veículo que atravessa uma chicane saindo do asfalto deve desistir da sua posição na corrida caso haja outro carro ao mesmo nível, com ou sem possibilidade de ultrapassagem.
Chicanes míticas dos circuitos mais conhecidos
Albert Park
O circuito australiano destaca-se pelas curvas rápidas e longas retas, que oferecem vários pontos que favorecem as ultrapassagens. Neste circuito os travões sofrem muito com as travagens constantes que os impedem de serem devidamente arrefecidos. Ao mesmo tempo, é uma pista que exige elevada carga aerodinâmica e grande talento para superar a complicada chicane no final da reta.
Montreal (Canadá)
A pista canadiana, batizada de Gilles Villeneuve, é uma das mais espetaculares da competição. Consiste em longas retas e chicanes perigosas, que são os pontos ideais para tentar ultrapassar os rivais, embora se destaque o chamada Muro dos Campeões, uma chicane entre as curvas 13 e 14.
Spa-Francorchamps (Bélgica)
Neste circuito mítico, localizado na Bélgica, está a chamada Eau Rouge, a curva mais mítica do Campeonato do Mundo de Fórmula 1. Esta curva espetacular deve ser feita em alta velocidade e enfrentar uma enorme inclinação em que só os pilotos mais experientes são capazes. de não tirar o pé do acelerador. O resto do circuito é bastante rápido e muito exigente, destacando-se a chicane presente antes de entrar na linha de meta, a segunda melhor zona de ultrapassagens da pista.
Monza (Itália)
O traçado italiano destaca-se pelas chicanes nas curvas 8-9-10, assim como pela curva parabólica que dá acesso à reta da meta. São as melhores zonas de ultrapassagem do circuito italiano, considerada uma das pistas mais rápidas da competição.
Autódromo Hermanos Rodríguez (México)
Este circuito, que sedia o Grande Prémio do México, é um dos mais recentes da competição. Chama a atenção pelas suas duas longas retas com chicanes muito rápidas e, posteriormente, inclui um conjunto de curvas encadeadas muito técnicas, entre as Curvas 6 e 11, que colocam à prova a técnica dos melhores pilotos.
Hockenheim (Alemania)
Este circuito alemão é historicamente conhecido por suas chicanes, que os fãs adoram. No entanto, o seu layout foi sendo modificado ao longo dos anos por ter sido palco de acidentes perigosos, como Jim Clark, que perdeu a vida, ou Ayrton Senna.
Mónaco (Mónaco)
O traçado urbano do Mónaco é um dos mais bonitos do campeonato de Fórmula 1 e, historicamente, teve inúmeras chicanes para atrasar os participantes. Uma das mais polémicas é na saída do túnel, onde os carros têm de travar com força na estreita “Nouvelle Chicane”, da esquerda para a direita, e que geralmente é o único local do circuito onde se pode tentar uma ultrapassagem. .
Como podem ver, o recurso à chicane, além de ser um elemento de segurança que faz com que os carros de competição travem e não acumulem aquelas velocidades de ataque cardíaco, é um elemento muito útil para medir a técnica dos pilotos e um local ideal para ultrapassar os rivais, deixando-nos imagens indeléveis de ultrapassagens em todos os tipos de competições, mas principalmente dentro da história da Fórmula 1.
