De Elvas a Beja, da raia ao coração do Alentejo

22 Março | 2021 | Goodyear

Da fronteira ao centro, conheça 6 recomendações imperdíveis para uma viagem primaveril de Elvas até Beja.

Em viagem pelo Alentejo, fomos fazer a ligação entre o Alto e o Baixo, a Raia e o Centro, num percurso que nos leva de Elvas até Beja. Passamos pelas fortalezas que cumpriram o desígnio nacional contra franceses e espanhóis, pelas rochosas paisagens que despontam, mas também pelas férteis planícies alentejanas que dão a riqueza a esta região. Vinho, luz e um encontro com a história: venha connosco percorrer as estradas de Elvas e Beja.

Com “Badajoz à vista”

A apenas 12 quilómetros de Espanha, Elvas recorda-nos de como esta linha de fronteira é fundamental para definir a nossa identidade como povo ibérico. O seu centro histórico mantém-se bem preservado e, em 2012, as antigas fortificações foram elevadas a Património Mundial da Humanidade pela UNESCO. Sobrevivem assim não só as recordações dos 500 anos em que a região esteve sob o domínio mouro, mas também dos 600 anos que se seguiram de lutas e acordos fronteiriços.

As muralhas que rodeiam a cidade são na clássica forma de estrela de vários outros exemplos da raia. No seu interior, muitas das ruas antigas são estreitas, em piso empedrado, com janelas em arco a levarem-nos de volta ao período mourisco, e brasões e cruzes sob as portas. A norte e a sul da cidade, duas fortificações mais pequenas, os Fortes da Graça e Santa Luzia, recuperam a arquitetura em estrela. 

Não perder em Elvas: A vista a partir do Monte de Nossa Senhora da Graça, o castelo original, dentro das muralhas, as igrejas de Nossa Senhora da Assunção e Nossa Senhora dos Aflitos. 

No vale fértil

Vila Viçosa obteve esse nome devido à riqueza do vale onde nasceu. Foi casa dos Duques de Bragança e ganhou assim uma arquitetura opulenta que muito deve à exploração dos mármores da região. É com esta pedra que muitos dos seus edifícios são construídos, criando uma das mais luminosas localidades de todo o Alentejo. Repleta de praças, largos e ruas amplas, é a vila nobre desta zona alentejana.

Não perder em Vila Viçosa: a fachada do Paço Ducal e o Terreiro do Paço, o Convento das Chagas hoje transformado em pousada, o antigo castelo dos Bragança e a Igreja de Nossa Senhora da Conceição.

Vila Viçosa: a Princesa do Alentejo

Do vinho e das tradições

A aldeia e o Castelo do Redondo são pontos nevrálgicos a partir dos quais o forasteiro pode atacar a região e a Serra da Ossa. No Alto de São Gens encontrámos uma belíssima vista sobre as azinheiras e sobreiros e passamos pela Aldeia da Serra. 

O Redondo é famoso pelos seus vinhos de indiscutível qualidade, resultantes das melhores castas da região e bastante apreciados pelos visitantes. A acompanhar um belo vinho, uma apetitosa refeição bem representativa da boa gastronomia alentejana, servida no barro pintado tradicional.

Não perder em Redondo: o mobiliário e cerâmica da região são pintados com um estilo muito característico, pleno de motivos florais e cores fortes, que poderá ser tradição local desde o tempo dos Mouros.

Terra de tremoços

Ponto fulcral das Guerras da restauração e Liberais, Estremoz ergue-se no alto de uma colina, na companhia dos olivais que a rodeiam. No topo dos 420 metros de altura, o Castelo e a Torre das Três Coroas despontam entre os telhados do casario. Conta a lenda local que Estremoz foi fundada por habitantes de Castelo Branco que tinham sido expulsos da sua terra. Percorrendo os territórios a sul, chegaram às vertentes da colina onde hoje se ergue a cidade e encontraram campos de tremoços. Em 1258 mandaram mensagem ao Rei pedindo o foral e dizendo que, “não tendo encontrado mais do que o Sol, a Lua, as estrelas e os tremoceiros”, queriam estes símbolos no seu escudo. Escusado será dizer que, hoje, o nome Estremoz mais depressa se confunde com vinho, do que com as famosas leguminosas

Não perder em Estremoz:  a pousada de Santa Isabel e a Capela da Rainha Santa, falecida na localidade em 1336 e a Torre das Três Coroas. O tradicional mercado, aos sábados de manhã, é um dos mais animados e concorridos do Alentejo.

Evoramonte, atalaia da planície alentejana

Évora-a-do-Monte

Discreta, Évora Monte é uma pequena ilha no meio do Alentejo. Se a região continua a manter quase intacto o seu charme e beleza originais, a pequena vila leva a tradição um pouco mais longe e mantém-se intocada pelos autocarros de turismo que circulam nestas estradas rumo a Estremoz, Redondo ou Évora. Em redor, os olivais e a vinha, em conjunto com a cor avermelhada dos campos, desenham a paisagem que faz o contraste perfeito com o casario branco e criam o cenário perfeito para uma escapadela de fim de semana em Evoramonte.

Não perder em Évoramonte: A vista do edifício principal do Castelo, no centro da zona velha, a norte da povoação principal. A arquitetura curiosa do velho castelo apresenta um conjunto de nós que parecem atar os diferentes pisos do edifício.

Na Pax Julia

Para uma região com tão distinto passado histórico, Beja surpreende-nos com a sua pose simpática e despretensiosa de cidade do interior. Foi o palco da paz assinada entre lusitanos e romanos, facto que lhe valeu na época o nome de Pax Julia, recebeu depois visigodos e mouros, no século XIX assistiu a um violento assalto das tropas napoleónicas e, em 1962, foi palco de um tentativa de golpe falhada liderada por Humberto Delgado. Depois disso, a cidade tem vindo a crescer e a modernizar-se, mas mantém um tipo de charme só possível neste canto do Alentejo.

A zona antiga da cidade vai desde o Castelo até ao Convento de São Francisco, hoje transformado em pousada. 

Não perder em Beja: a vista do alto da torre do castelo, os Museus da Rainha Dona Leonor e Visigótico. Para comer: migas de carne de porco, açorda de coentros, gaspacho, vinagrada, ensopado de borrego. Para a sobremesa papos de anjo, morgados e fios de ovos.

Good Year Kilometros que cuentan