A nova vida das estações de comboio desativadas

21 Junho | 2018 | Goodyear

As estações de comboio desativadas estão a ganhar uma segunda vida depois das linhas de comboio terem sido desativadas. As finalidades: turismo e artes.

As estações de comboio desativadas estão a ganhar uma segunda vida. Ecopistas, hotéis, espaços museológicos, sedes de organizações de turismo ou culturais. Tudo é possível. Assim, conheça alguns exemplos de norte a sul do país.

O tempo áureo das viagens de comboio, em que esta via era utilizada para chegar a zonas distantes do país já lá vai. Pode recordar toda a história no Museu Nacional Ferroviário, no Entroncamento. 

Entretanto, um pouco por todo o interior do país, ao longo das centenas de quilómetros de caminhos-de-ferro que deixaram de ver os comboios passar, há estações e apeadeiros desativados, facilmente identificáveis pela sua arquitetura, painéis de azulejos e, naturalmente, os vestígios de antigas linhas de caminho de ferro, as casetas – a casa do guarda de passagem de nível – ou depósitos de água que abasteciam as locomotivas a vapor. Mesmo em linhas ainda ativas existem estações desativadas.

Hotelaria

Uma das formas de recuperar o património ferroviário de Portugal tem sido a transformação das estações inativas em hotéis. É o caso da Train Spot Guesthouse, na aldeia de Beirã, a oito quilómetros de Marvão. O hostel fica dentro de uma estação de comboios, restaurada no século XIX e entretanto desativadas.

O local está decorado com os painéis de azulejos típicos das estações e é composto por dormitórios, quartos privativos e uma cozinha comum. Entretanto, a antiga ala principal do restaurante da estação deu lugar a uma sala de convívio. O teto é de madeira, o chão quadriculado. A estação de Marvão-Beirã era a última estação ferroviária antes da fronteira espanhola.

Igualmente, outra estação renovada para se tornar uma pousada é a de Castelo de Vide onde nasceu a Pensão Destino. Assim, a Pensão Destino está inserida no Parque Natural da Serra de São Mamede. A antiga estação ferroviária foi completamente remodelada, “acolhe-o no mesmo ambiente bucólico que recebe viajantes desde 1880”.

Em Cabeço de Vide nasceu a Estalagem Rainha D. Leonor, um pequeno hotel, com cinco quartos. Nas paredes da estação do antigo ramal de Portalegre, desativado há um quarto de século, os famosos painéis de azulejos, neste caso de L. Batistini, de 1933.

Vista Pinhao

Promoção regional

A sede da Associação Rota da Bairrada fica no edifício da antiga estação de comboios da Curia, onde se procura promover o encontro, o convívio e a troca de saberes entre residentes e turistas. A Associação tem como objetivo promover a marca Bairrada e, ademais, comercializa vinho, artesanato, produtos regionais e literatura local.

Em Mora, uma estação de combóis foi transformada num serviço vocacionado para o turismo e cultura. O Núcleo Regional do Megalitismo, que visa a valorização do vasto património megalítico do concelho. Assim sendo, intervenção durou cerca de dois anos, reabilitou a estação e criou novos espaços para o núcleo museológico e área de cafetaria. A área museológica representa a modelação do terreno e integra três espaços que englobam o quotidiano das populações neolíticas: a Vida, a Morte e a Contemplação. 

Sede para banda musical

Em Monção, a estação de comboios, desativada em finais da década de 80, foi transformada em sede para a Banda Musical da região de Monção. A intervenção, bastante recente, incluiu a “requalificação integral dos dois pisos do imóvel, mantendo a volumetria existente e a traça original com intervenções na fachada, cobertura, caixilharias, alpendre, iluminação e passeios”, explica a autarquia. O projecto de requalificação “manteve a memória ferroviária de outrora, através de elementos identificativos”. A Banda Musical de Monção tem agora novas salas de ensaio geral e individualizadas, bem como espaços administrativos, entre outros.

“La Fregeneda”

Neste caso, o que se aproveitou foi a linha de comboio. A partir da estação de comboio de “La Fregeneda” poderá chegar à estação portuguesa de Barca d’Alva, através da Ruta de los Túneles”. São 17 quilómetros de um interessante e radical percurso pedestre. A Rota dos Túneis corresponde a um trilho que segue a antiga linha que ligava Barca d’Alva a La Fregeneda. Esta era a linha que fazia a ligação entre o Porto e Salamanca, por exemplo.

Ecopistas

Minho, Famalicão, Guimarães, Tâmega, Sabor, Dão, Vouga, Montado e Moura. Em comum, em tempos, as linhas de comboio. Hoje, em comum têm ecopistas (Vias Verdes no âmbito da iniciativa Europeia), que aproveitam os antigos percursos da linha de comboio. A iniciativa está inserida no Plano Nacional de Ecopistas que pretende requalificar e reutilizar as linhas e canais ferroviários sem exploração em algumas áreas do Norte, Centro e Alentejo. Tipicamente esta recuperação tem sido feita.

Aproveite o próximo fim de semana para um reencontro com a História e descobrir o futuro. As velhas estações de comboio abandonadas ainda têm muita vida para nos oferecer!

Good Year Kilometros que cuentan