Viajar de autocaravana, sem rumo, escolhendo aquela falésia sobre o mar para passar a noite, é uma ideia cheia de romantismo que já não se aplica apenas a surfistas adolescentes, dispostos a tudo em busca da “onda perfeita”. A família do Quilómetros Que Contam nunca foi muito dada ao campismo mas, este ano, tomámos a decisão de nos metermos numa autocaravana alugada e experimentar uma forma diferente de gozar férias. Aqui em casa andamos sempre em busca de ideias diferentes para  viajar, em contacto directo com a natureza mas sem perder “aquele” mínimo de conforto sem o qual não gostamos de sair do lar. Fomos à procura de informação, das várias ofertas no mercado e dos locais que queremos visitar, por isso, se também está curioso, acompanhe-nos no desafio de preparar um fim de semana primaveril numa autocaravana.

Com a casa às costas

Na investigação que andámos a fazer pelas várias empresas a actuar no mercado de aluguer de autocaravanas, chegámos à conclusão que, na grande maioria das situações, esta solução é realmente mais barata do que a viagem de avião ou carro, incluindo alojamento. A economia não foi o principal factor que nos despertou para as “casas de caracol”, mas é uma vantagem que não podemos deixar passar e abrange ainda a alimentação, que pode ser confecionada dentro da viatura. No caso de famílias como a nossa, com crianças ainda pequenas com horários de refeição muito próprios e hábitos complicados de gerir, esta poderá ser a solução perfeita. Aliás, não temos dúvidas que serão as crianças aquelas que mais gozarão estas próximas férias

Para escolher a autocaravana que iremos alugar iremos ter uma série de factores em consideração:

• Dimensões do veículo. Não queremos que os quatro elementos da família passem um fim de semana dentro de um espaço mínimo, mas a verdade é que só temos o hábito de conduzir um automóvel ligeiro em perímetro urbano, o que nos obriga a particular atenção às dimensões da autocaravana que escolhemos. Estamos seguros que vamos conseguir conduzir na maioria das estradas de Portugal, mas alguns arruamentos urbanos terão que ser completamente evitados.
• Serviços e acessórios. O equipamento disponível é quase standart nas ofertas que encontrámos no mercado, variando a qualidade de construção e as dimensões. No nosso caso, e porque pretendíamos uma grande autonomia, o tamanho do frigorífico, a capacidade do esquentador, do reservatório de água e a cabina de duche foram factores importantes, mas um casal jovem ou um grupo de amigos mais descontraídos poderão não ser tão exigentes.
• Suportes de bicicletas e pranchas de surf. Admitimos que não somos nenhuns Kelly Slatter mas, se vamos aproveitar para descobrir alguns daqueles “spots” que constumam aparecer nas revistas da especialidade, o melhor é conseguir levar as pranchas sem qualquer problema. E, seja no campo ou na costa, um passeio de bicicleta é a forma ideal de complementar uma aventura destas.

Três destinos à nossa escolha

Confessamos agora que, no momento em que escrevemos estas linhas, ainda não decidimos qual será o nosso destino. Já inventariámos algumas hipóteses e a família está em processo de votação mas, a verdade é que, depois de um inverno fechados em casa, qualquer raio de sol irá deixar-nos satisfeitos.  Gostávamos de ir na direcção do mar, mas não deixamos de lado a hipótese de uma visita ao interior ou de uma passagem para o lado de lá da fronteira.

1. A Serra de São Mamede, Castelo de Vide e Marvão são locais que nos recebem sempre bem mas que, infelizmente, nunca conseguimos passar tempo suficiente para apreciar o seu lado mais selvagem. A West Coast Campers parece ter uma oferta capaz de satisfazer as nossas necessidades para essa viagem: duas camas de casal, as dimensões de um furgão são um bom compromisso para quem não está habituado a conduzir carros mais pesados, e as pinturas exuberantes das suas autocaravanas vão dar um ar muito colorido às nossas mini-férias. Se acompanha o Quilómetros que Contam há algum tempo, sabe que os castelos desta região já são por nós bem conhecidos, mas desta vez os planos passam por, com início no parque de autocaravanas de Póvoa e Meadas, descer a serra até Elvas e depois rumar a Espanha, para entrar na Sierra de San Pedro através de Villar del Rey. Contam-nos que esta Serra é de particular beleza e riqueza natural e que, desde o lince à águia real, há muito para se ver aqui. Como não somos gente envergonhada, a proposta é muito tentadora.

2. A zona de Peniche, e toda a costa que desce desde o Baleal até à Ericeira, é local de rumagem habitual para autocaravanistas. Se o vento pode ser uma constante na região, a qualidade das ondas não sai prejudicada e é um dos locais em Portugal com maior índice de produção de grandes surfistas. Na península, sobre o miradouro, há um famoso e concorrido parque diurno de autocaravanas que contamos visitar e do qual partiremos para conhecer as praias a sul: Lagido, Cantinho da Baía, Super Tubos, Areia Branca, Santa Cruz, Ribeira d’Ilhas, até acabarmos na Foz do Lizandro. Se optarmos por este programa, contamos recorrer aos serviços da Wildside Campers, sediada nesta zona que, além da caravana, poderá fornecer-nos equipamento de surf e skate. Se tivessemos uma família mais pequena, poderíamos escolher a “mini-caravana eco” que, apesar do tamanho, ainda tem espaço para um barbecue e barras de transporte para levarmos as pranchas. No nosso caso iremos optar por um veículo maior, sendo que aqui podemos escolher diversas características, com ou sem casa de banho, ou alugar equipamentos extra, como sanitas portáteis.

3. Já acalentamos a vontade de regressar ao Côa há algum tempo e o fim de Março e princípio de Abril é uma época particularmente bonita nesta região. Para isso, contamos optar pela Iberian Routes que, convenientemente, opera a partir do Porto ou de Sintra e dispõe de várias gamas de autocaravanas para alugar, desde um formato compacto, tipo furgão, até uma versão premium de luxo.

Vila Nova de Foz Côa tem um espaço para receber este tipo de veículos e será a partir daí que iremos fazer o percurso até à Faia Brava, o nosso destino final, não sem antes passar pelo Museu do Côa e pelas gravuras rupestres da Penascosa. Na Faia Brava aguarda-nos uma zona em que o Homem pouco se faz notar e a nossa intenção é conhecer o céu noturno numa das regiões mais “escuras” do país. Levamos binóculos, um mapa de constelações, uma manta e muito café para não perder nada até ao raiar do dia.

Respeito e educação

Um reparo final sobre a etiqueta do campista: vamos estar em contacto com a natureza e com poucas regras em redor. Se essa sensação de liberdade é exactamente aquilo que procuramos numas férias relaxantes e despreocupadas, é também uma responsabilidade que temos que enfrentar com todo o respeito pelo meio ambiente e por quem nos rodeia. O local onde pernoitaremos deve ser deixado exactamente (ou melhor) do que quando chegámos, importa conhecer as Regras de Ouro do Autocaravanismo e os locais onde podemos, com segurança e sem prejudicar ninguém, estacionar a nossa caravana.

Outros operadores

Em Portugal: Camperline.  Campervan Portugal.

Em Portugal e Espanha: McRent. AutoEurope.