Grandes filmes, grandes paisagens

29 Fevereiro | 2016 | Goodyear

Conheça com a Goodyear clássicos temas do cinema que são a melhor companhia para uma viagem ao volante

As melhores e mais memoráveis viagens de carro levam-nos muitas vezes a momentos igualmente grandiosos do cinema. Fomos à procura de dez grandes temas que, desde o nascer ao por do Sol, podem ser a companhia perfeita para a sua primeira grande viagem desta primavera de 2016.

Desta vez a nossa lista vem com uma recomendação: para melhores resultados, o DJ residente recomenda que a ponha a tocar só quando já estiver fora da cidade e começar a sentir-se fora da sua zona de conforto. Quanto ao cenário, deixamos a escolha ao seu critério: conseguimos imaginar estes temas enquanto rolamos pela estrada de Peso da Régua até ao Pinhão, a descer a rampa do Caramulo em ritmo de passeio ou… complete com a sua escolha…

  1. “Also Sprach Zarathustra”, Richard Strauss, pela Filarmónica de Berlim regida por von Karajan (“2001: Uma Odisseia no Espaço”), 1968). O princípio tenso e grave criado pelo compositor alemão, que se transforma pouco depois numa exuberante fanfarra, servia à perfeição para ilustrar o início de “2001”, numa cena em que vemos o Sol a surgir por detrás da Terra durante um eclipse lunar. Extasiante, à semelhança de Stanley Kubrik, não conseguimos imaginar melhor banda sonora para acompanhar o nascer do dia, para nos deixar expectantes e em suspenso pelo que virá a seguir. E, se essa sensação assenta que nem uma luva a um clássico do cinema deste calibre, o mesmo se pode dizer “daquela viagem” com que andámos a sonhar nas últimas semanas.
  2. “Born to be Wild”, Steppenwolf (“Easy Rider”, 1969)… mas a estrada é feita de áspero asfalto e marcas de pneus em curvas perigosas. Ao volante, com a adrenalina no nível certo, não deve haver condutor que não se tenha deixado enfeitiçar pelo menos uma vez pelo ritmo 4 por 4, básico e crú, dos Steppenwolf. É um cliché, um guilty pleasure, chamem-lhe o que quiserem, mas gostamos da ilusão de nos sentirmos uns verdadeiros maus rapazes à procura de aventura. Pó e quilómetros, é disso que gostamos.
  3. “Sinfonia nº9, Op.125, em Ré menor: II. Molto Vivace”, Beethoven, pela Orquestra Filarmónica de Brno (“Laranja Mecânica”, 1971). Voltemos a Kubrik mas retrocedemos mais cem anos, até ao séc XVIII. Autor de algumas das mais emocionadas e conturbadas peças da História da música, Beethoven poderia ter sido a primeira estrela rock, se não se desse o caso de produzir obras densas e plenas de significados que pouco servem ao imediatismo pop. Alex, a desviante e ultra violenta personagem de Anthony Burgess, seria a última companhia que desejaríamos numa viagem, mas o extâse e a dinâmica desta “molto vivace” parecem invocar densas folhagens e tons de de terra, um cenário que encontramos em algumas das mais belas estradas portuguesas.
  4. “Goldfinger”, Shirley Bassey (“007, Goldfinger”, 1964). James Bond tem mais grandes canções a acompanhá-lo do que qualquer outra personagem de Hollywood. Faz parte do branding do agente ao serviço de Sua Majestade: para além das mulheres, do charme intemporal e da receita de Martini, (quase) todos os “007” chegam acompanhados de fantásticas canções pop. “Goldfinger” seria o tema que colocaríamos sempre a tocar se tivéssemos um daqueles descapotáveis clássicos como o MGB, o Alfa Spider ou o 911T de 1973.
  5. “Love Theme”, Nino Rota (“The Godfather, 1972). Agora vamos “fazer-lhe uma proposta que não poderá recusar”… mas, se percebeu a referência, não se assuste porque, sobre a Máfia, só conhecemos o que vem nas obras de Mario Puzo e Coppola. A nossa proposta é bem mais inocente: ouça os delicados arranjos de cordas criados por Nino Rota, o cheiro a “western spaghetti” que ainda voa sobre estas notas e imagine-se a rodar numa estrada do Alentejo, em que, depois de uma curva, chegará ao seu destino ainda a tempo de apreciar o fantástico entardecer na companhia de um cálice de tinto, com vista sobre as vinhas talvez…
  6. “Pressure Drop”, Toots & The Maytals (“The Harder they Come”, 1972). Da Sicília passamos para outra ilha, mas do outro lado do mar. O roots jamaicano irá sempre evocar imagens de sol e boa disposição mas não era disso que nos falava Jimmy Cliff em “The Harder they Come”, na personagem de um histórico marginal de Kingston. O filme teve um sucesso muito limitado no lançamento, as questões raciais das Caraíbas não tinham ainda encontrado espaço no movimento de Direitos Civis nem na Europa, e teve que esperar alguns anos para obter o devido reconhecimento. Com a geração que iria agarrar no punk e no ska na segunda metade de 1970´s, acabou por tornar-se uma obra de culto. Aqui ouve-se reggae genuíno, perfeito para acompanhar o primeiro passeio nas areias da praia de 2016.
  7. “Forbidden Colours”, Ryuichi Sakamoto e David Sylvian (“Merry Christmas, Mr. Lawrence 1984). É, talvez, o melhor papel de David Bowie no cinema, mas ainda conta com a participação de Takeshi Kitano e do próprio Ryuichi Sakamoto, num filme trágico e belo que teve também que viver alguns anos antes que o seu real valor fosse entendido. E este tema, com a genial entrega da voz de David Sylvian, parece ser a síntese disso mesmo: uma viagem com paisagens de oriente e que, de forma elegante e delicada, cresce no coração do ouvinte até o deixar a sorrir na estrada. Experimente esta, parado no seu carro, num dos recantos costeiros alentejanos.
  8. “Twin Peaks Theme”, Angelo Badalamenti  (“Twin Peaks”- TV- e “Fire Walk With Me” – cinema-, 1990). Porque ainda vamos apanhar muitas tardes de chuva nesta Primavera, o melhor é andarmos prevenidos com o complemento perfeito para dias cinzentos. O estado de Washington, onde se imaginava situada a cidade de Twin Peaks, é conhecido pelos dias cinzentos e pela chuva que fazem companhia ao tradicional trabalho dos lenhadores. E Badalamenti conseguiu capturar isso mesmo quando criou o genérico da série de TV: um ritmo dolente que parece acompanhar o movimento das nuvens pesadas que voam sobre nós, o cheiro da terra e os sons do vento nos ramos na floresta.
  9. “Let´s stay Together”, Rev. Al Green (“Pulp Fiction”, 1994). Não é só Barak Obama que se apaixona pelo romântico reverendo e “Pulp Fiction” tinha uma banda sonora capaz de “agradar a gregos e troianos”, saltando do surf para a pop, passando pelo funk e acabando, inevitavelmente, na soul. Tantos anos depois do filme ser lançado, este conjunto de canções continua a ser reconhecido como um marco na forma como Hollywood passou a encarar a música. Claro que o sucesso não passou despercebido e vários outros filmes tentaram a mesma abordagem eclética, mas a verdade é que o sucesso desta BSO muito se deve aos geniais momentos do original. Podíamos ter escolhido qualquer tema deste disco, mas Al Green é quanto basta para deixar qualquer família satisfeita.
  10. “Playground Love”, Air (“The Virgin Suicides, 2000). Escolhemos a companhia dos Air para desacelerar, cumprir os últimos quilómetros que nos faltam para chegar a casa e relaxar com o conforto de ver ao longe a nossa cidade. Ao contrário da história trágica realizada por Sofia Coppola (o nome do filme é um spoiler bastante óbvio) o saxofone da banda francesa consegue ser tão romântico como uma canção de Barry White ou Al Green, um verdadeiro tónico para a alma. Podia ser também a nossa declaração de amor ao cinema e às grandes banda sonoras que acompanham, desde sempre, as nossas viagens. Filmes? Fazemos um sempre que saímos para a estrada…

 

Good Year Kilometros que cuentan