Os Capelinhos e o trilho dos vulcões

27 Novembro | 2015 | Goodyear

Destaques e conselhos para uma visita à ilha do Faial, no arquipélago dos Açores

O desafio para este fim de semana é um passeio entre vulcões. Vamos até ao Faial conhecer uma dezena destas e outras manifestações da força da natureza, mas um fim de semana nesta ilha dos Açores não se esgota aqui. Desde o guisado de polvo, ao célebre gin perto do porto da Horta, os Capelinhos não são o único motivo a despertar a vontade de passar dois dias no meio do Atlântico.

 

Fim de semana no Faial

 Se o mar foi sempre o maior cartão de visita  para o turismo no arquipélago, os trilhos pedestres açorianos começam também a trazer cada vez mais gente às ilhas. Também em terra se confirma a singularidade e excelência do ecosistema e ambiente locais e, por muito agradável que seja a condução pelas belas paisagens dos Açores, há coisas que só poderemos descobrir a pé. Por isso, prepare-se com calçado confortável porque vamos deixar o carro à beira da estrada.

Visitar os vulcões do Faial seguindo o trilho pedestre pode não ser para todos, afinal são 27 quilómetros que demoram cerca de nove horas a percorrer na totalidade. Contudo, e mesmo que não se aventure a tanto, há várias etapas do percurso que qualquer um pode fazer e apreciar. Conheça aqui alguns dos pontos que não pode deixar de visitar.

Faro - Quilometrosquecontam

 

Da Caldeira ao Morro de Castelo Branco

Iniciando a nossa viagem quase no centro da Ilha, a Caldeira é a cratera de um antigo vulcão com quase 2 quilómetros de diâmetro. Coberta pela vegetação laurissilva, impressiona pela dimensão mas também pelo “quase silêncio” que aqui encontramos. Se tiver a sorte de aqui estar numa manhã de nevoeiro, irá ver a neblina no fundo da caldeira a partir do miradouro da berma. Uma visão memorável.

Na Levada, na freguesia do Capelo, por entre as hortênsias e o azevinho, irá conseguir ver os cones vulcânicos do Capelo e os sinais do sismo de 1998, que deixou aqui marcas de derrocada. Várias estações interpretativas ali colocadas explicam ao visitante a história geológica da zona.

A partir do Cabeço Verde, na metade Oeste da Ilha, podemos ver a Praia do Norte, Cabeço do Fogo, Morro de Castelo Branco e restantes cones vulcânicos da Península do Capelo. A cerca de um quilómetro fica o Cabeço do Canto, a partir do qual temos a primeira visão dos Capelinhos.

Se, na costa sul da Ilha, rumarmos com o Morro de Castelo Branco como destino, iremos iniciar o passeio por um caminho de terra batida que, entre as pastagens, desce até ao mar. Pelo caminho teremos a companhia de aves marinhas e, se a sorte sorrir, até morcegos. Chegados ao nosso destino, com o aeroporto como companhia, encontramos o promontório do Morro Branco, curiosa formação geológica que serve como refúgio para a fauna local.

 

É o som do mar trazido ocasionalmente pelo vento que nos acorda da fantasia: quando chegamos aos Capelinhos não estamos noutro planeta. Apesar da cinza e das cores que aqui vemos, estamos bem na Terra e esta paisagem é muito recente. Foi só em Setembro de 1957 que estas águas começaram a ferver e, depois de premonitórios tremores de terra, deu-se uma erupção que durou quase 13 meses. O farol que se erguia naquela altura ainda cá está e é um forte ícone do confronto entre Homem e natureza que aqui aconteceu.

Açores - Quilometrosquecontam

 

Horta: a “metrópole” do arquipélago

Além de receber turistas que, como nós, aqui rumam para uma escapadela de fim de semana, o Faial foi desde sempre um local de passagem e descanso para holandeses e portugueses, aventureiros com destino do lado de lá do Atlântico, religiosos que aqui pretendiam deixar a mensagem da cristandade ou foragidos à procura de uma nova vida. A Horta é, ainda hoje, um misto de diferentes gentes e nacionalidades que, debaixo da visão do Pico do outro lado do canal, criaram uma das mais acolhedoras e bem-humoradas cidades portuguesas.

Não pode visitar a cidade sem experimentar o mais famoso gin dos sete mares, no Peter, néctar que, juramos nós, tem mesmo um sabor especial e único. Se calhar é só do ambiente e da boa-disposição da companhia, mas ficámos convencidos que este é um caso de fama bem justificada. Depois deste aperitivo não se esqueça de experimentar a gastronomia das ilhas: o polvo guisado é, com toda a justiça, um dos ex-libris dos Açores mas não fica a perder na comparação com o caldo de peixe e caldeirada locais. As carnes são representadas pelas morcelas e linguíças, habitualmente acompanhadas de inhame, e pela molha de carne que, com um conjunto de especiarias e um refogado, são a forma mais típica de confecionar vaca. Para terminar a refeição, aconselhamos as Fofas do Faial, doce típico regional.

Os Açores são terra indómita, onde o vulcanismo ainda está bem presente e diz-nos que este é um planeta vivo e pujante. E é assim que nos sentimos sempre depois de alguns dias no Faial: de baterias carregadas e conscientes da pequenez humana. Não há muitas sensações tão recompensantes e profundas.

Good Year Kilometros que cuentan