Pitões das Júnias, os desafios da fronteira

30 Dezembro | 2020 | Goodyear

O desafio da fronteira resultou em paisagens agrestes e gente determinada. Saiba o que ver e visitar em Pitões das Júnias.

O “Eixo” Montalegre – Pitões das Júnias, com a Paradela, o Cávado e o Rabagão como desvios, é um mundo aliciante. Assombrosas paisagens, cenários épicos e grandiosos, casam com a bucólica panorâmica rural. A agricultura ancestral, a pecuária que inclui a famosa raça barrosã, os usos e costumes de séculos e a sabedoria popular, são marcas indeléveis do tempo. O Inverno torna a região ainda mais desafiante mas verdadeira. Se o seu espírito de aventura tolera bem o frio, não há altura mais genuína para descobrir Pitões das Júnias do que antes da primavera. Depois de cumprido o desafio, nunca mais sentir-se-á um forasteiros nestas paragens. Fique com as recomendações Goodyear para uma escapada até Pitões das Júnias.

Chegados pela variante da M513, aproveitamos o desvio para uma visita a Pitões das Júnias, o berço de D. Pedro Pitões, importante instigador da conquista de Lisboa de 1147. Conforme a altura em que aqui estivermos, o cenário desta estrada irá mudar: é uma sucessão de pequenos campos de cultivo, divididos com os habituais muros de pedra, que criam um mosaico sempre em mutação, com o ciclo das estações a comandar o pincel. Lá ao fundo, a oeste, o sol deita-se sobre os pontos mais altos da Serra, frequentemente enfeitada ainda com a neve.

Ambiente medieval e telúrico

Apesar da mistura com elementos mais modernos, alguns até de gosto duvidoso, que insistem em surgir aqui e ali, Pitões das Júnias mantém muito do seu charme bruto, sóbrio como a pedra que lhe dá forma e o seu passado medieval. Mesmo com ligação clara a Montalegre e à paisagem envolvente, não existindo já o controlo dos castelos de Montalegre, Portelo e Piconhas, ou a importância de defender a fronteira como outrora, continua a ser um território isolado. Já viveram aqui numerosos povos, que estabeleceram castros ou outras formas de edificação, deixando múltiplos sinais. Contudo, continua a ser paisagem de solidão e introspecção.  

As ruínas do Mosteiro de Santa Maria das Júnias acomodam-se bem a este ambiente de abandono intemporal, sendo um marco impressionante na paisagem. Ficam no vale encaixado entre  o planalto da Mourela e a Serra do Gerês. Embora persista alguma controvérsia quanto à data e origem da sua fundação, estudos mais recentes concluem que o Mosteiro de Santa Maria, de origem beneditina, terá sido fundado no século XII.  A igreja do mosteiro é palco de uma romaria anual, a 15 de agosto, a que acorrem gentes de Pitões das Júnias e de povoações vizinhas.

Passagem para a natureza

Junto ao cemitério da povoação, próximo de um marco geodésico que assinala a altitude de 1132 m, podemos iniciar o trilho interpretativo de Santa Maria das Júnias, que passa também pelas ruínas do Mosteiro. “Seguirá por um caminho em calçada, cujo declive se vai progressivamente acentuando, à medida que se aproxima de uma encruzilhada de onde terá um vasto campo de visão. Aqui, com a ajuda de uns binóculos, de um guia de campo e de alguma paciência, poderemos observar aves, principalmente as de rapina. Entre estas, destacamos as mais comuns, a águia-de-asa-redonda, o peneireiro-vulgar e o tartaranhão-azulado”. como diz o folheto oficial deste percurso. 

Aqui podemos ver, da direita para a esquerda, a serra do Gerês, com a Portela de Pitões, a Fraga de Brazalite, a Fonte Fria e toda a cumeada fronteiriça até ao Céu Rúbio. Separando a serra do Gerês do planalto da Mourela, a Este, o extenso vale do ribeiro do Beredo abrindo-se até à Barragem da Paradela. Continuando caminho pela calçada medieval, chegaremos ao Mosteiro de Santa Maria de Pitões das Júnias

Onde se esconde o “General Inverno”

Aqui, a mais de mil metros de altitude, o frio é tema sério e é combatido à lareira ou com vigorosas caminhadas pelos serranias. Vai encontrar um ambiente embrutecido pelos elementos mas afável para com os forasteiros. A qualquer pausa, as mesas antes empobrecidas pelos desafios da fronteira, recebem agora o melhor da gastronomia local. A carne barrosã, assim denominada pela histórica associação à zona do Barroso, já para lá da albufeira formada pelo Rabagão, é um ex-libris. Mas não surge sozinha. Chega regada pelo Vinho dos Mortos, de Boticas, ou introduzida pelo presunto de Montalegre. Se a opção for peixe, é a truta dos viveiros de Boticas. 

Montalegre e Pitões das Júnias ainda são famosos pelas suas festas da Noite das Bruxas e Vilar de Perdizes também não fica longe, capital da famosa reunião anual de curandeiros e outros executantes de “medicina popular”.

Onde comer: “Casa Do preto” da D. Maria e Terra Celta.

Não perder: Ruínas do Mosteiro de Santa Maria das Júnias, Castelo de Montalegre, Ponte da Misarela, fornos comunitários, Igreja de Covas (em Boticas)

Good Year Kilometros que cuentan