O fim da viagem: 7 regiões vitivinícolas para conhecer Portugal

30 Outubro | 2018 | Goodyear

Visitamos sete das 14 regiões vitivinícolas portuguesas. Conheça a história e as tradições de cada uma das mais importantes de produção de vinho português

As vindimas podem já ter terminado e está na hora de provar a água-pé. Mas o enoturismo é algo que não pára. A tradição vinícola e a excelente qualidade do vinho português são reconhecidas em todo o mundo. Os prémios e distinções internacionais atestam-no. A Goodyear desafia-o a si e à sua família a fazer uma viagem em torno do vinho português. Afinal, para melhor apreciar os néctares portugueses, nada como visitar as regiões vitivinícolas, descobrir paisagens, património, cultura e gentes.

Depois de visitar sete regiões, a Goodyear prossegue a sua viagem pelas regiões vitivinícolas portuguesas. O que de mais belo há em algumas das regiões mais importantes de produção de vinho português: Lisboa; Tejo; Península de Setúbal; Alentejo; Algarve; Açores e Madeira.

Entretanto, não deixe de conhecer o novo mapa das regiões vitivinícolas portuguesas, realizado por Madeline Puckette da empresa americana WineFolly, e partilhado pela Sogrape Vinhos.

Vinhos

Lisboa

A região de Lisboa tem uma longa história na viticultura nacional. As castas? As tradicionais portuguesas e as internacionais mais famosas. Anteriormente conhecida como “Estremadura” são aqui criados uma enorme variedade de vinhos, proporcionado pela diversidade de relevos e microclimas, concentrados em pequenas áreas da região.

Está localizada a noroeste de Lisboa e ocupa uma área de cerca de 40 quilómetros. O clima, influenciado pelo Atlântico, é temperado. Os verões são frescos e os invernos suaves. Atualmente o vinho produzido é de qualidade, embora até há cerca de quinze anos fosse conhecido pela produção de quantidade e não quantidade.

Entretanto foi iniciado um processo de reestruturação das vinhas e adegas. Começaram então a plantar-se castas mais nobres e em 1993 foi a vez de surgir o “Vinho Regional da Estremadura”, atualmente “Vinho Regional Lisboa”. Este era o mote necessário para incentivar produtores a estudar as potencialidades de diferentes castas, sendo que, neste momento a maioria dos vinhos aqui produzidos são regionais.

A região é composta por nove denominações de origem – Colares, Carcavelos e Bucelas, Alenquer, Arruda, Torres Vedras, Lourinhã e Óbidos (no centro da região) e Encostas d’Aire (a norte, junto à região das Beiras).

Tejo

“A Região Vitivinícola do Tejo possui ótimas condições naturais para o cultivo da vinha e para a produção de vinhos permitindo criar vinhos consistentes e de grande qualidade, com estilos empolgantes e diferenciados, que podem ser apreciados em todas as ocasiões”. A descrição é da própria Comissão Vitivinícola da Região do Tejo, o Team Tejo, uma comunidade vitivinícola situada junto a este grande Rio Português.

Tal como muitas outras regiões vitivinícolas, a produção de vinha na região remonta há milhares de anos. Segundo informação disponibilizada no site da CVRTejo, “terá sido por volta de 2000 a.C. que os Tartessos trouxeram a vinha e o vinho para o que viria a ser três mil anos depois Portugal. O próprio fundador da nacionalidade deixou no Foral de Santarém [1170] referência aos vinhos da região.

Para a grande produção, contribui a diversidade de solos e climas aliados a explorações vitivinícolas de grande dimensão com baixos custos de produção são as principais características do Ribatejo, explica o portal Infovini. A região é tão fértil e produz tais quantidades que foi em tempos abastecedora do mercado interno e das colónias em África. São vinhos brancos e tintos de qualidade a um preço extremamente competitivo.

Para melhor conhecer a região pode tirar partido das rotas criadas para o efeito. Uma delas, o “Tesouro Gótico”, abrange as sub-regiões de Denominação de Origem Controlada de Cartaxo, Santarém e Chamusca. Circunda Santarém, a capital do Gótico, que, durante séculos, foi local de veraneio de reis. Aqui, o “património edificado descortina outros tempos”.

Se prefere outro tipo de tradições, a opção é a rota “Touros e Cavalos que se estende pelas margens planas do Tejo e presta homenagem ao Ribatejo tradicional. Neste percurso estão englobadas as vilas de Benavente e Coruche, com boa comida, bons vinhos e sobretudo de bons momentos, referem. À “Beira Tejo” é a terceira opção de itinerário. Caracteriza-se pelas pelas vinhas a perder de vista e pelas aldeias de Casas Brancas. Neste itinerário irá passar por Alpiarça, Almeirim, Chamusca e Salvaterra de Magos. Uma última opção é o percurso “Tesouro Manuelino”, com passagem pela histórica cidade de Tomar, e pelo Convento de Cristo.

Península de Setúbal

A região da Península Setúbal fica no litoral Oeste, a Sul de Lisboa. Orograficamente pode dividir-se em duas zonas totalmente distintas, uma a Sul e Sudoeste, montanhosa, formada pelas serras da Arrábida, Rosca e S. Luís, e pelos montes de Palmela, S. Francisco e Azeitão. Zonas recortadas por vales e colinas, com altitudes entre os 100 e os 500 metros. A outra zona é plana, prolongando-se em extensa planície junto ao rio Sado. O clima, misto, subtropical e mediterrânico, é influenciado pela proximidade do mar, dos rios e dos montes e serras.

A esta península, as castas terão chegado, num primeiro momento, pela mão de fenícios e gregos que as trouxeram do próximo Oriente. O clima ameno, as encostas da Arrábida e a zona ribeirinha do Tejo apresentavam-se propícios para a vinha. Os romanos e árabes deram continuidade à cultura que não foi descurada aquando da fundação do Reino de Portugal. A produção do famoso e apreciado Moscatel de Setúbal aumentou.

A qualidade dos vinhos justificou o reconhecimento das Denominações de Origem Controladas “Setúbal” para a produção do vinho generoso e “Palmela”, na qual, para além dos vinhos branco e tinto, se inclui também a produção de vinho frisante, espumante, rosado e licoroso. O Vinho com Indicação Geográfica “Península de Setúbal” produz-se em todo o distrito de Setúbal.

Para acompanhar toda esta dinâmica foi criada a “Casa Mãe da Rota de Vinhos”, no coração de Palmela. É uma antiga adega com um interior surpreendente a partir da qual pode partir para as suas experiências. É que a Casa Mãe da Rota de Vinhos é uma central de reservas para visita guiadas a adegas e outros atividades lúdicas.

É também aqui que se vendem, a preço de adega, vinhos certificados com Indicação Geográfica Península de Setúbal e Denominação de Origem Palmela e Setúbal. É ainda possível adquirir e degustar o melhor desta região vinícola!

Os vinhos sabem melhor quando acompanhados de outras iguarias regionais, como pastéis e bolos, compotas e geleias de frutas, manteiga de ovelha e queijo de Azeitão de Denominação de Origem Protegida, mel e chás biológicos. E com vista sobre o Parque Natural da Arrábida.

Alentejo - Quilometrosquecontam

Alentejo

“A vinha corre ao longo de extensas planícies e acompanha olivais e florestas de montado. É nesta paisagem de vastos horizontes que se inserem quintas e herdades produtoras de vinho com créditos firmados também na hospitalidade e na gastronomia por que são conhecidas”. A descrição é do site VisitPortugal.

A par do Douro, o Alentejo é a região em que se concentra o maior número de espaços dedicados ao enoturismo. Há unidades de produção vinícola que recebem visitantes, que vão conhecer as vinhas, a adega, pernoitar e até provar os vinhos, claro.

As unidades de enoturismo multiplicam-se no Alentejo. Afinal, esta é a região em que se encontram muitos dos principais produtores nacionais, sendo a qualidade apreciada em todo o mundo. Em 2014 foi mesmo considerada como melhor região vinícola do mundo para visitar pelos leitores do USA Today.

Se quer começar pelo centro, a opção é Évora, uma cidade Património Mundial rodeada de herdades onde é possível participar nas vindimas e observar as diferentes etapas de elaboração de um vinho.

Mas não deixe também de passar por Portalegre, o terroir mágico dos vinhos alentejanos.

Considerada a “meca” do enoturismo alentejano, Reguengos de Monsaraz foi reconhecida como a cidade europeia do vinho. Aqui são propostas inúmeras iniciativas que vão desde observações dos astros a provas de vinhos, colheita de uvas para a criação de um vinho comemorativo, provas temáticas e jantares enogastronómicos.

Em suma, existe em Portugal, uma oferta muito qualificada de enoturismo, frequentemente associado ao turismo rural e a hotéis de charme em localizações privilegiadas. Além dos vinhos, podemos desfrutar de outros produtos de produção própria, como os frutos e compotas, queijos, azeites, doçaria artesanal e a própria gastronomia local. Muitas vezes de aspeto tradicional, não nos deixemos enganar pois trata-se de hotéis contemporâneos e de adegas e caves que investiram em avançada tecnologia, algumas com assinatura de reputados arquitetos nacionais.

Algarve

Os vinhos do Algarve estão a conquistar cada vez mais o seu espaço. Conta-se que já os Fenícios e Gregos produziam aqui vinho, mas até eles iriam invejar o que nasce nestes solos no séc. XXI. A produção de brancos e rosados está em grande crescimento na região, em particular nas duas últimas décadas. São quatro denominações de origem: DOC Lagos, DOC Lagoa, DOC Portimão e DOC Tavira. No entanto, a maioria do vinho produzido integra-se na designação “vinho regional do Algarve”. As castas tradicionais da região as castas tradicionais são Síria, Moscatel, Arinto, Negra-Mole, Trincadeira, Aragonês e Castelão. A casta Síria foi umas das utilizadas na replantação das vinhas e demonstrou total adaptabilidade ao clima da região, por isso tem sido muito plantada pelos viticultores. Os vinhos algarvios são suaves e bastante frutados, detalha o Infovini.

As herdades algarvias ficam em zonas mais rurais e percebemos que o enoturismo local é uma realidade. Para saber mais deverá visitar o site da rota dos vinhos do Algarve, onde ficará a conhecer as caraterísticas específicas de cada uma das variedades. A variação do terreno e a pouca dimensão relativa de várias das explorações, permite a produção de alguns “vinhos de autor”, facto que acaba por ajudar também na evolução da qualidade global da região.

Como já abordámos anteriormente num artigo especificamente dedicado aos vinhos do Algarve, em matéria de enoturismo poderá optar por Albufeira, Portimão, Lagos ou Silves.

Madeira

Um pouco mais longe, para oeste, no centro do Atlântico, o destaque vai para o vinho da Madeira que tem vindo a conquistar fama e prestígio ao longos dos séculos. É que já no século XVIII, o vinho da Madeira era apreciado por reis, príncipes, generais e exploradores. São mais de 30 castas diferentes, com destaque para a Sercial, a Boal, a Verdelho e a Malvasia. As vinhas estão dispostas em socalcos sustentados por paredes de pedra.

Há muito para visitar na ilha da Madeira. É aliás, um sítio fantástico para uma escapadela de fim-de-semana. Santa Cruz, com os vestígios da colonização, o Mercado Municipal da Rua da Praia, o Convento Franciscano de Nossa Senhora da Piedade ou o antigo edifício dos Paços do Concelho, hoje Tribunal da Comarca são alguns dos lugares a não deixar de visitar.

A caminho da capital, passa pelo Caniço e pela ponta do Garajau, onde pode ver, do miradouro, a baía do Funchal. No Funchal a vida é como em qualquer cidade. Para si que a visita, imperdível é a visita à catedral e à igreja de São João Evangelista, ao Mercado dos Lavradores. Como a visita tem por mote o vinho, tem obrigatoriamente de passar por Câmara de Lobos onde o universalmente conhecido vinho da Madeira é produzido e a beleza das vinhas que envolvem a cidade nos delicia a vista. O Miradouro do Pico da Torre, a Ribeira Brava, o Parque Natural são os pontos seguintes. E depois, São Vicente, Santana e Pico Ruivo, a mais alta montanha do arquipélago.

Madalena do Pico, capital do vinho

Açores

As ilhas dos Açores não têm condições climáticas favoráveis à plantação de vinha, mas, ainda assim a vinha tem uma longa tradição na região, sendo cultivada desde o século XV. OS principais vinhos dos Açores são o vinho generoso da região do Pico e Graciosa. Na ilha Terceira produz-se um vinho branco leve e seco. A resiliência é tanto maior quanto os problemas estruturais da região. As explorações têm aproximadamente 0,3 hectares, são dispersas e plantadas em condições que exigem elevada mão de obra elevada, não permitindo a mecanização de algumas técnicas.
Ainda assim há zonas de produção privilegiadas: as denominações de Biscoitos e Pico para os Vinhos Licorosos de Qualidade Produzidos em Região Determinada (VLQPRD) e “Graciosa” para os Vinhos de Qualidade Produzidos em Região Determinada (VQPRD).

Um exemplo a seguir. Madalena do Pico é um destinos nos Açores que pretende distinguir-se no ecossistema do enoturismo nacional. Em 2017, foi eleita “Cidade do Vinho 2017” e é mais uma excelente razão para rumarmos aos Açores, mais concretamente à Ilha do Pico, onde se ergue a mais alta montanha do nosso território, nasce também um vinho excecional que merecia mais destaque nas nossas mesas, mas que é feito como se fosse o néctar mais precioso deste mundo.

Gostou destas sete regiões vitivinícolas? Não deixe de ler sobre as restantes sete regiões mais importantes de produção de vinho português.

Good Year Kilometros que cuentan