Vamos ao Sabugal fazer parte de um presépio?

23 Dezembro | 2016 | Goodyear

Este natal a Goodyear ruma até à beira interior, ao Sabugal, para fazermos parte de um presépio vivo e viver a noite mais quente do ano no meio do frio.

Entalado entre as Serras da Estrela e da Malcata e a Extremadura Espanhola, Sabugal é um dos mais perfeitos exemplos da magia que pode esconder-se na zona da raia. O concelho tem vindo a impor-se também como destino turístico para ambos os lados da fronteira e, chegada a época do natal, tem procurado dar a conhecer as tradições regionais a todos os que aceitarem o convite de visitar a cidade. Como na Goodyear gostamos sempre de aproveitar a simpática hospitalidade beirã, é no Sabugal que vamos passar o fim de semana do natal.

Com o ar frio das duas serras a montar o cenário, o Sabugal é um dos poucos locais baixos em Portugal onde a neve não é uma visita desconhecida. Não sabemos ainda se teremos tal sorte este ano, mas a possibilidade é apelativa o suficiente para aceitarmos um convite para passar aqui o natal com a família, enquanto rezamos a todos os santinhos para que nos ofereçam um “white christmas”. Seria a melhor prenda possível para os pequeninos que vamos levar no banco de trás.

A voltinha dos castelos

À sombra de uma Estrela

Concelho fronteiriço, que trocou de mãos várias vezes entre portugueses e espanhóis, não admira que conte com uma série de castelos que ambas as facções mandaram construir ou restaurar e vamos passar a noite dentro das muralhas do Sabugal, nos Palheiros do Castelo. É um projecto de turismo rural instalado em um antigo palheiro que agora recebe uma clientela substancialmente diferente.

Os edifícios originais dos castelos do Sabugal, Vila Maior, Alfaiates, Vila do Touro e Sortelha deverão ser anteriores à fundação de Portugal, mas foram sendo alvo de recuperações por D. Dinis e D. Manuel, mandando este último esculpir a esfera armilar que usava como estandarte pessoal. Mais tarde, esta característica haveria de dar origem à quadra popular:

Castelo de cinco quinas
Não o há em Portugal
Senão à beira do Côa
Na vila do Sabugal

Natal no Sabugal

O Sabugal aposta forte todo o mês de dezembro, com concertos, feiras e festas, que recuperam as tradições regionais do natal, e monta um presépio no centro da cidade que já se tornou famoso. Para esta recriação são usados elementos naturais, como troncos de castanheiros (mais de 500 toneladas), heras e musgos, entre outros, que servem de base à construção efectuada a uma escala em que os visitantes têm a percepção de fazer parte do Presépio, tornando-se personagens do mesmo.

Paralelamente, decorre um mercado de natal que serve de montra para a exposição e venda de produtos do artesanato local. Há ainda contos de encantar, espectáculo circense, concerto de Natal e personagens infantis pelas ruas, numa série de eventos que só terminam depois dos Reis, na primeira semana de Janeiro.

Sortelha

A voltinha dos castelos

A cerca de uma dezena de quilómetros da sede do concelho, Alfaiates fica numa encosta virada a poente, com a ribeira com o nome da terra a correr no sopé da inclinação. O Castelo aqui construído já foi conhecido como Castillo de la Luna e foi testemunha de combates com o reino de Leão. Hoje em dia, é um excelente ponto elevado para olharmos para o rio Côa e Ribacôa.

Um pouco mais a norte, Vilar Maior ainda tem as muralhas e a torre quase intactas, o que se torna surpreendente pois o espaço foi pela primeira vez fortificado no neolítico. A nossa última paragem deste tour medieval será em Sortelha, onde ainda se sentem os séculos do alto da torre de menagem de D. Dinis e D. Manuel volta a recordar-nos que foi senhor destas terras com a esfera armilar no pelorinho que ainda sobrevive. É uma verdadeira aldeia-museu, onde se encontram inscrições em árabe e a pedra em que as casas são construídas mostra com orgulho a sua antiguidade.

Gente com uma forma de falar peculiar…

Temos programada ainda uma última paragem mas não sabemos bem com o que contar. Nunca visitámos Quadrazais mas a fama desta pequena aldeia na margem direita do Côa já nos chegou aos ouvidos há bastantes anos e deixou-nos cheios de curiosidade. Durante muito tempo a localidade era uma terra de “marginais”, conhecida pela sua intensa actividade de contrabando que muito fazia correr as guardas fronteiriças de cá e de lá.

“Machina-te, que lá vêm as da recto facha”, era uma frase que podia ser ouvida na calada da noite quando alguém queria dizer “foge, que lá vêm os guardas”. Nessa altura, todos os caminhos ermos iam dar a Espanha e a população local inventou um dialecto para ocultar as suas actividades dos agentes da lei e dos forasteiros. Nesta Europa agora sem fronteiras, temos muita curiosidade de descobrir o que é feito hoje desta gente e espreitar também os antigos caminhos por onde se dava “o salto”. Depois do presépio do Sabugal, esta não é a proposta mais natalícia de todas, mas será com certeza uma bela viagem às gélidas noites da beira interior.

E ainda…

Como o fim de semana do natal de 2016 não tem a sorte de contar com o tradicional feriado a oferecer-nos mais um dia de descanso, a nossa passagem por esta zona da Beira Interior vai ser bastante curta. Se tivéssemos mais tempo, poderíamos fazer um desvio até Belmonte, continuar para Valhelhas e seguir pelo vale do Zêzere até topo da Serra da Estrela. É favor não esquecer que esta é a quadra da engorda e não deve haver sítio melhor para isso do que o triângulo Guarda-Covilhã-Castelo Branco. Por isso já sabe: guarde espaço na mala para tratar de trazer uns destes magníficos queijos e enchidos regionais.

Good Year Kilometros que cuentan