Sintra Atlântica, do Monte da Lua até Cascais

19 Março | 2021 | Goodyear

Sintra só se completa ao chegar ao mar. Da vila até Cascais, passando por praias selvagens, aldeias piscatórias e rochedos impressionantes, contamos o que não pode perder.

Serra nascida no fim do continente, onde a Europa desiste de prosseguir caminho e dá espaço ao mar, Sintra não seria Sintra sem o Atlântico como vizinho. São os ares que chegam da costa que criam o ambiente e ecossistemas únicos da serra e hoje convidamos a uma visita à “Sintra Atlântica”, a encosta que cai até ao mar, numa viagem desde a velha vila até Cascais.

Palácio da Pena, Sintra

A vila de Byron 

“Devo apenas observar que a vila de Cintra, na Estremadura, é talvez a mais bela do mundo”, comentava Lord Byron em missiva a um amigo em 1809. Ainda hoje, não é raro o forasteiro que reage com igual paixão à visão de Sintra. A fama traz milhares de visitantes todos os anos mas ainda é possível descobrir momentos tranquilos na vila, resultado do labiríntico tecido urbano que a compõe. 

Na Vila Velha, o centro turístico de Sintra, descobrimos o Palácio e o passeio da Volta do Duche, na Estefânia somos recebidos pelo belo edifício da Câmara Municipal. Já nas imediações, nos acessos para Cascais ou Lisboa, São Pedro é famosa pela sua feira quinzenal e pela sempre concorrida Casa do Preto, templo da queijada.

Não perder na vila de Sintra: News Museum e as Queijadas e Travesseiros da Sapa e da Periquita.

Monserrate, a materialização de um sonho

Depois de se apaixonar pelo local, William Beckford, um abastado inglês do século XVIII iniciou a construção dos jardins e do palácio de Monserrate. Já em 1856, a propriedade fica na posse de Francis Cook que recupera e renova os espaços. O palácio ganha assim o seu estilo mourisco, enquanto os jardins enchem-se de exemplares de todo o mundo e tornam-se verdadeiramente soberbos.

Não perder em Monserrate: No Palácio, a capela, o átrio, salas e galerias. Nos jardins, o Arco de Vathek, a Cascata de Beckford e o Vale dos Fetos. Se for com crianças, deverá visitar ainda a Quintinha

Sintra natureza - Quilometrosquecontam

Pelos caminhos do Monte da Lua

Para descer até ao mar a partir de Sintra, as hipóteses são várias e incluem sempre condução emocionante. Além dos desafios das curvas dramáticas, com subidas e descidas que animaram gerações de fãs de rally, são as impressionantes paisagens que nos obrigam a concentrar no volante. A densa floresta e os brutos blocos de rocha abrem-se de vez em quando para nos deixar espreitar até ao mar, numa largueza de paisagem que, em alguns pontos, vai até ao Tejo.

Não perder na Serra de Sintra: Castelo dos Mouros, Quinta da Regaleira, Convento dos Capuchos e a vista do miradouro da Pedra Amarela.

A jóia da Várzea

Colares, fica na boca da várzea com o seu nome, tendo como pano de fundo o Atlântico, invadido pelo Cabo da Roca. É possível realizar um agradável passeio pelo centro histórico da vila, onde podemos admirar as suas belas igrejas, palacetes, velhas quintas e chalets dos finais do séc.XIX. Na várzea, atravessada pelo rio das maçãs, que desagua na praia com o mesmo nome, junto à linha do antigo elétrico, continuamos caminho para as praias.

Não perder em Colares: Obviamente, a Adega Cooperativa de Colares, a mais antiga do país e casa para uma preciosidade vínica nascida da casta ramisco.

Azenhas do Mar

Pendurada nos penhascos

Encavalitada sobre o monte, Azenhas do Mar é um mosaico de diferentes épocas e ocupações, com casas de férias dos anos 30 misturadas com típicas habitações de pescadores. No sopé do monte, como se guardasse a terra da fúria das águas, as famosas piscinas oceânicas são uma curiosa construção bem encaixada na rocha, como se sempre aí tivesse estado. É só ilusão: de cada vez que chega um temporal, as piscinas desaparecem como se escondessem da inclemência.

Não perder nas Azenhas do Mar: A piscina atlântica, o miradouro em frente à vila, a visão do pôr do sol a partir do restaurante Piscinas.

As melhores praias desertas do país

Praias selvagens e histórias de contrabandistas

Apesar do clima incerto, a costa tem aqui propostas para todo o tipo de público, desde famílias a aventureiros. Praia Grande e Praia das Maçãs, pela extensão, serviços e acessos, são locais de peregrinação para as famílias da região. Mais selvagens, seguem-se a Adraga, o Cavalo ou a Ursa, sendo que esta última é acessível por um percurso inclinado que obriga a um pouco mais de coragem. 

Não perder nas praias de Sintra: Se as Maçãs ou Grande não o seduzirem com a boa oferta de restauração que as rodeia, a recomendação é descer até à pequena Praia da Ursa. É uma pequena aventura, com uma verdadeira recompensa no final.

Cabo da Roca

Onde a terra acaba

O Cabo da Roca tem a impressionante altura de 165 metros e é o ponto mais ocidental da Europa e Portugal continentais. Dramático nas dimensões, tem também um micro-clima a preceito, com brutas rajadas de vento por altura do inverno, enquanto a espuma das águas se desfaz no fundo do precipício. No miradouro, uma placa recorda Camões e cita a passagem dos Lusíadas: “aqui, onde a terra acaba e o mar começa”.

Não perder no Cabo da Roca: Aproveite para trazer um certificado da sua visita, mas a loja de recordações e artesanato ou o monumento não lhe demorarão mais do que poucos minutos, por isso todo o tempo aqui passado é mesmo para sentirmos o cheiro do mar e a força do azul que se estende à nossa frente. Às quartas-feiras, o farol abre-se para receber visitas. 

Rota N247 - Quilometrosquecontam

Maresia com cheiro a serra

A Praia do Guincho é uma das praias mais populares da zona de Cascais/Sintra e é procurada tanto pela sua beleza natural como pelas boas condições para o surf e windsurf. A praia é batida pelo vento que influencia a ondulação e fica “paredes meias” com a Serra de Sintra, o que torna o clima e a temperatura um pouco instáveis face às praias da Baía de Cascais. 

Não perder no Guincho: Uma passagem pela praia do Guincho obriga a uma visita ao Forte do Guincho, também conhecido como Forte das Velas ou Forte do Abano e construído em 1642. Para comer, poderá optar pelo restaurante Furnas do Guincho, mestre em marisco.

Na Boca do Inferno

Quase a chegar a Cascais, a linha de costa é caracterizada por brutas escarpas que a determinada altura se tornam dramáticas o suficiente para a zona ganhar o nome de Boca do Inferno.  Fernando Pessoa e Aleister Crowley tiveram aqui um encontro místico em que o Mago Branco matou ritualisticamente o Mago Negro. A imponência da paisagem invoca momentos apoteóticos e os dois intelectuais deixaram-se, compreensivelmente, seduzir. 

Não perder na Boca do Inferno: À invocação de Pessoa junte o prazer do estômago, com os famosos Cachorros da Boca do Inferno. Numa roulotte, são servidos aqui há décadas cachorros quentes que se tornaram um ex-libris de Cascais. Aproveite a esplanada durante um pôr de sol de verão e vai entender o segredo da iguaria.

A rota dos escritores

Na terra dos cascaes

De Cascais é fácil conhecer, antes de a visitar, as vistas da Baía, as douradas praias e edifícios românticos de outros séculos.Foi também local de férias ou exílio para monarcas, espiões e escritores. Tornou-se hoje uma vila que, apesar de cumprir todos os requisitos, recusa-se a ser elevada à categoria de cidade. A vila piscatória viveu sempre lado-a-lado com a nobreza que aqui descansava, num convívio que resultou na curiosa malha urbana do centro velho, em que as casas das classes abastadas surgem ao lado das antigas casas dos pescadores.

Não perder em Cascais: Museu e Jardim Conde Castro de Guimarães, a Casa das Histórias de Paula Rego, a Fortaleza, a vista da Baía a partir do Clube Naval de Cascais e um passeio no paredão desde a praia dos pescadores até onde os seus pés permitirem.

Good Year Kilometros que cuentan