Um circuito histórico, fundamental para a competição automóvel na Europa. Conheça a História de Spa Francorchamps com a Goodyear
Um longo e centenário percurso no centro da Europa, localizado num dos mais belos enclaves do Velho Continente, rodeado por extensos bosques e colinas e com um mini clima que garante chuvas constantes mas imprevisíveis. Esses são alguns dos motivos que fazem de Spa-Francorchamps um dos circuitos preferidos dos pilotos e fãs da Fórmula 1.
Idealizada por um jornalista e chefe da Comissão Desportiva do Royal Automobile Club da Bélgica, o traçado das Ardenas foi inaugurada em 1922, com base nas estradas que ligavam Malmedy, Stavelot e Francorchamps. O circuito original tinha 14.120 quilómetros de extensão até 1979, quando foi cortado ao meio principalmente por razões de segurança. Ainda hoje é o circuito mais longo do campeonato, com 7.004 quilómetros.
Um pouco de História
O primeiro Grande Prémio da Bélgica foi realizado em 1925 neste mesmo circuito e o vencedor foi Antonio Ascari ao volante de um Alfa Romeo. Em 1950, o Grande Prémio da Bélgica tornou-se um teste válido para o recém-criado campeonato de Fórmula 1 e nessa primeira ocasião Juan Manuel Fangio, também aos comandos de um Alfa Romeo, venceu.
Spa sempre foi um circuito muito rápido e onde ocorreram muitos acidentes graves. A razão é que os motoristas atingiam velocidades cada vez mais altas num circuito que, exceto por alguns fardos de feno estrategicamente posicionados, era pouco diferente das estradas normais usadas pelo público. Se a isso somarmos o micro-clima do circuito, onde em uma parte pode chover e noutra vê-se o sol, não surpreende a longa lista de pilotos aqui falecidos: em 1958, Archie Scott-Brown morreu na mesma curva em que, alguns anos antes, tirou a vida a Dick Seaman; Chris Bristow e Alan Stacey morreram no Grande Prémio de 1960, enquanto quatro outros pilotos morreram no final daquela década: Eric de Keyn e Wil Loos em 1967 e, pouco depois, Tony Hegbourne e Leon Dermier.
Aumento das medidas de segurança
Em 1969, os pilotos boicotaram o Grande Prémio da Bélgica quando descobriram que as medidas de segurança ainda não haviam sido implementadas. Em 1970, barreiras de proteção foram colocadas ao redor do circuito e uma chicane foi instalada em Malmedy. Apesar desses esforços, após o Grande Prémio de 1970, Spa foi fechado pela cruzada iniciada pela Associação de Pilotos e não faria parte do circo de Fórmula 1 novamente até 1985. Outras corridas continuaram, mas apesar das melhorias na segurança, a estatística negra continuou a crescer: duas mortes em 1971, uma em 1972, três em 1973 e outras duas em 1975.
Em 1979 decidiu-se cortar o circuito de 14 quilómetros e deixá-lo apenas pela metade, embora as curvas mais famosas do circuito fossem respeitadas: Eau-Rouge, Rodillon, Les Combs, Malmedy, Stavelot ou as Sources.
Curvas míticas e grandes nomes
Spa é considerado um dos cenários míticos da Fórmula 1, principalmente por dois motivos: o seu traçado peculiar e os grandes nomes que correram no asfalto belga. Eau-Rogue e Radillon são provavelmente as curvas mais famosas da pista e uma das melhores em qualquer pista do mundo. Ayrton Senna afirmou que falou com Deus quando cruzou essa curva a fundo.
Os grandes nomes que triunfaram no circuito belga, sem dúvida, engrandeceram a lenda de Spa. Michael Schumacher é o dominador absoluto com 6 vitórias, seguido de perto por Ayrton Senna e Jim Clark com cinco e quatro vitórias respectivamente. No grid atual, Kimi Raikkonen e o britânico Lewis Hamilton acumulam quatro vitórias e estão próximos do mito alemão.
É marcante que na Fórmula 1 recente haja um grande nome que nunca ganhou em Spa: Fernando Alonso. O asturiano venceu na Fórmula 3000 e até duas vezes no WEC. Com o tão esperado retorno à Fórmula 1, Fernando Alonso tem a oportunidade de resolver esse assunto pendente. Quanto às equipas, Ferrari e McLaren com 14 e 12 vitórias respectivamente são as dominadoras claras. A terceira equipa mais bem-sucedida é a Lotus, com cinco.
No dia 29 de agosto, o GP da Bélgica será disputado em Spa-Francorchamps, circuito sinónimo de emoção e boas corridas. O seu asfalto é testemunha de batalhas épicas há quase 100 anos entre os melhores pilotos da história e este ano também conta com o incentivo do regresso de Fernando Alonso. Um cocktail explosivo que nenhum entusiasta do motor deve perder.
